Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um guia para despertar o interesse dos professores pela literatura, independente da área em que atuem, foi uma das propostas lançadas hoje (24) no Fórum Literatura na Escola, que acontece até amanhã (25), no Ministério da Educação, em Brasília. O evento reúne escritores, representantes da sociedade civil e do governo e visa ampliar a presença da literatura no ambiente escolar.As propostas foram apresentadas durante uma mesa redonda que discutiu a visão dos escritores sobre a literatura na escola. Todos concordaram que o assunto precisa ir além da obrigação de ler: deve despertar o interesse do estudante pelos livros que precisam ter valor cultural e não somente didático. Também foi consenso entre os debatedores que o ensino da literatura deve ultrapassar o da história da literatura, como é formatado hoje.Além do guia, que é idéia da presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, Anna Cláudia Ramos, o presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), Levi Bucalem, propôs a criação da disciplina literatura, separada da língua portuguesa, estímulo aos concursos literários, alterações das questões literárias no vestibular – com o estudo de autores além dos “clássicos” –, além da criação de oficinas de crítica literária e intercâmbio de visitas de escritores pelas escolas do país.Esta última proposta também foi defendida por Anna Cláudia. Entretanto, para ela, deveria ser profissionalizada o que incluiria uma remuneração para o escritor que abandona suas atividades para realizar visitas às escolas. Segundo ela, essas visitas já acontecem, mas não de modo organizado, o que têm tornado o escritor “refém” dos professores, que costumam reclamar quando recebem uma negativa do autor.“Nós não somos brindes. Se eu produzo livros e se o meu trabalho é cultura, esse trabalho tem que ser remunerado. Enquanto a escola não entender que ela tem que remunerar o escritor igualzinho ela remunera um global para aparecer em sua festa de fim de ano, essa lacuna continuará bem grande”, defende Anna, citando conversa com a diretora de uma escola que teria pago R$ 3 mil a um ator de televisão para participar de uma festa e comentado o fato com o escritor Pedro Bandeira.