Negros sofrem com condições perversas de saúde, diz especialista

10/05/2008 - 16h15

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Do nascimento àvelhice, a situação da saúde entre os negros édesigual e perversa. A avaliação é dacoordenadora do Comitê de Saúde da PopulaçãoNegra do Ministério da Saúde, Ana Kátia Costa.“Ser negro é um determinante social da condiçãode saúde”, afirmou Ana Costa. Segundo ela, osproblemas começam com a mortalidade infantil – que é5 vezes maior entre as crianças negras que entre as brancas –passam pela saúde da mulher grávida, que tem menosacesso ao pré-natal, e pelos doentes mentais, que sofrem compreconceito ainda maior. E na velhice os negros têm menoscuidados e menos acesso a remédios, por exemplo. “As criançasmorrem mais e por causas facilmente evitáveis, como doençasinfecciosas e parasitárias, que são ligadas àdesnutrição e ambientes insalubres, enquanto os adultossão muito mais atingidos pela violência.” Mesmo assim, “há muito o que comemorar,apesar da demora”, disse Ana Costa.  Um pacto, que foi aprovado por estados e municípios, deve fazer com que a população negra seja encarada de forma especial no que diz respeito à saúde. “Cada município, agora, vai ter que prestar mais atenção à população negra". De acordo com a especialista, significa que, quando uma mulher negra entrar num consultório, "vai ter que ser como se acendesse uma luzinha indicando que ela corre mais risco por causa da sua condição de negritude”. A coordenadora do Comitê de Saúde da População Negra destacou ainda o fortalecimento das lideranças negras, que também tem sido trabalhado para que elas possam interferir cobrando a aplicação das políticas públicas.