Crise dos alimentos deve durar de cinco a dez anos, diz Cassel

30/04/2008 - 17h50

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise mundial causada pelo aumento dos preçosdos alimentos devese estender por cinco a dez anos. A afirmação foi feita pelo ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, queatribuiu à agricultura familiar o fato de os preços terem crescido bem menos no Brasil que no mercado internacional.“É muitoimportante perceber que, enquanto no mundo todo a cesta de alimentosaumentou em torno de 83%, aqui no Brasil ela aumentou 25%. Ou seja, oBrasil está mais protegido nessa crise porque vem apostandomuito em quem produz alimentos, como os agricultores familiares, osassentados da reforma agrária”, disse Cassel, apósparticipar de plenária do Conselho Nacional de SegurançaAlimentar e Nutricional (Consea), em Brasília.O ministro explicou queo Brasil tem o Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (Pronaf ), assistência técnica, programa deaquisição de alimentos, seguro agrícola e umaprodução muito diversificada de alimentos a partir daagricultura familiar, que são os diferenciais. Por isso, ele defende maisreforma agrária .“A crise atual mostracomo foi correta a escolha do governo de apostar no fortalecimento daagricultura familiar dos assentamentos de reforma agrária. Senão fosse isso, hoje nós teríamos preçosmuito acima dos de mercado. Então, acho que a resposta que oBrasil deve dar para essa crise de alimentos é mais reformaagrária e mais agricultura familiar.”O presidente do Consea,Renato Maluf, concorda que o Brasil tem mecanismos de proteção,como programas de agricultura familiar e segurança alimentar,que diminuíram os impactos da crise, mas considera que o paísnão está totalmente preparado para enfrentar o que vempela frente. “Por isso, nossa principal reivindicaçãoé a implementação de uma políticanacional de abastecimento, a partir da qual o Estado recupere algunsinstrumentos de intervenção que perdeu.”Ele ressatou, entretanto, que asmanifestações populares ao redor do planeta sãoa prova de que a alta dos alimentos atingiu as populaçõesmais pobres. Para evitar um impacto maior por aqui, Maluf destacou que o Estado precisa recuperar a capacidade de regular o mercado dealimentos, principalmente, com mais estoques.