Sem-teto ocupam prédios do INSS e da Caixa em São Paulo

22/04/2008 - 19h50

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Movimentos sociais ligados a grupos de sem-tetorealizaram hoje (22) cinco manifestações no país:quatro no estado de São Paulo Paulo e uma no EspíritoSanto. Os manifestantes reivindicam dos governos federal, estaduais emunicipais uma política habitacional que atenda àsfamílias de mais baixa renda e destine recursos para mutirões,urbanização de favelas, regularizaçãofundiária e moradia em áreas centrais.Das quatro ocupações realizadas emSão Paulo, três foram lideradas pela UniãoNacional por Moradia Popular (UNMP): uma no prédio doInstituto Nacional de Seguro Social (INSS) na Rua Coronel Xavier deToledo, no centro da capital paulista; outra em um terreno particulardesocupado na Avenida do Cursino, na zona sul paulista; e umaterceira no prédio do INSS na cidade de Sertãozinho,que estaria desocupado há 30 anos.A UNMP também coordenou a ocupação,feita por cerca de 200 pessoas, em um prédio do INSS emVitória (ES).“As políticas de habitaçãosão insuficientes para enfrentar o déficit do país”,disse Evaniza Rodrigues, integrante da Secretaria Executiva da UNMP.Segundo ela, dados do Censo de 2005 revelam que o déficithabitacional no Brasil é de cerca de 7,9 milhões defamílias - mais de 1 milhão delas no estado de SãoPaulo.Evaniza informou à Agência Brasilque a UNMP reivindica prédios desocupados do INSS e terrenosrecebidos pelo instituto como pagamento de dívidas.De acordo com Veronica Kroll, coordenadora doFórum dos Cortiços, filiado à UNMP e responsávelpela ocupação de cerca de 150 pessoas no prédiodo INSS, no centro de São Paulo, a manifestaçãoteve duas intenções: resolver o problema de um prédiodo INSS na Avenida Nove de Julho e de um prédio da Caixalocalizado na Praça Roosevelt, que estaria fechado há20 anos.“Ficamos sabendo que tem uma açãocível no Ministério Público pedindo que o INSStransforme essas propriedades da Avenida Nove de Julho em moradiasocial”, disse Veronica, depois de participar de uma reuniãocom representantes do INSS. Segundo ela, há dificuldade naCaixa, que não se pronunciou sobre o prédio da PraçaRoosevelt.Apesar da falta de entendimento com a Caixa, oprédio do INSS no centro da capital foi desocupadopacificamente por volta das 16h.A quarta manifestação em SãoPaulo ocorreu na sede da Caixa, no centro da capital, e foi lideradapelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Segundo nota doMTST, a ocupação, contou com a participaçãode 500 pessoas e começou às 11h.O MTST pede uma política de desapropriaçãode terrenos urbanos ociosos e verbas do Plano de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) para uma política de habitaçãoque priorize as famílias de baixa renda.“A intenção era que a Caixa seenvolvesse no problema das ocupações em SãoPaulo e garantisse a compra de terrenos e financiamentos paraconstrução de casas”, disse Guilherme Castro, um doslíderes do movimento.Castro disse que houve confronto com policiaismilitares durante a desocupação. Segundo o integrantedo MTST, os PMs teriam usado cassetetes e gás de pimenta pararetirar os manifestantes do prédio da Caixa. Ainda de acordocom ele, o confronto resultou em dez pessoas feridas - entre elas,uma grávida de nove meses.A Caixa e a assessoria da Polícia Militarnegaram o confronto e garantiram os cerca de 150 manifestantesdesocuparam o local pacificamente.O MTST e a Caixa acertaram a realizaçãode reunião, ainda nesta semana, para discutir asreivindicações. Além dos líderes domovimento, devem participar do encontro representantes de trêssuperintendências da Caixa (Santo Amaro, Campinas e GrandeABC), das prefeituras locais e possivelmente do Ministério dasCidades e do governo de São Paulo.De acordo com Guilherme Castro, caso a reuniãonão ocorra até o final desta semana, novas ocupaçõesterão início na semana que vem.