Economista sugere programa de impacto social no curto prazo

22/04/2008 - 16h12

Ana Luiza Zenker
Enviada especial
Assunção (Paraguai) - Um programa que possa ter impacto social no curto prazo, especialmente nas questões da pobreza, do desemprego e da desigualdade social, e uma estratégia bem articulada de ações que modifiquem o Paraguai ao longo dos próximos cinco anos de governo.Essa é a recomendação de Dionísio Borda, Ph.D. em economia e diretor do Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep), ao ex-bispo Fernando Lugo, eleito presidente do país no último domingo (20). .“O Paraguai necessita de um programa em que o resultado seja imediato. As pessoas esperam primeiro que a migração rural-urbana e a emigração sejam contidas; e segundo, gerar emprego, no setor privado e no setor público”, afirmou. A essas medidas ele acrescenta outras, de médio prazo, como a criação de uma plataforma de crescimento mais diversificada – hoje a economia paraguaia é baseada principalmente na agricultura e na pecuária –, com a manutenção da estabilidade macroeconômica e investimentos em infra-estrutura.“Há uma série de temas que devem ser ordenados, priorizados. O Paraguai necessita que seja construído um consenso – e eu creio que o Lugo tem isso, a sua liderança tem aspectos que ajudam para isso. Ele é um homem conciliador, então isso permite abrir esse diálogo agora. É um homem valente e mostra a outra cara do Paraguai, essa cara não tão visível, que é a da pobreza e da desigualdade”, disse.Atualmente, de cada cem paraguaios, quatro são pobres e dois vivem em extrema miséria. Além disso, 35% da população economicamente ativa tem problemas ou de desemprego ou de subemprego. O nível educacional, em média, não passa de 7,6 anos de estudo. E o custo para as mercadorias irem até os portos é de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), ressaltou Borba.“O Paraguai tem potencialidades enormes, é um país com muitos recursos naturais, com uma população jovem e pujante, é um país que quer crescer. À medida que a nova aliança instale um governo com as pessoas mais capazes e saiba construir governabilidade com amplo consenso, este país pode seguir adiante e deixar de ser um país pouco sério. Mostrar que é um país digno, que tem sua história. Esse é o resgate que pode fazer a Aliança”, concluiu.