Brasil evolui no tratamento a homossexuais, garante assessor da SEDH

21/04/2008 - 19h48

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de registrar incidência considerável de violência contra os homossexuais, o Brasil está evoluindo no tratamento a essa parcela da população, com a articulação das políticas públicas para o setor. Essa é a avaliação do assessor especial da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Ivair Alves dos Santos.Santos comentou as afirmações do antropólogo e presidente do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott. Em entrevista hoje (21) à Rádio Nacional, Mott afirmou que o Brasil é o campeão mundial em assassinatos de homossexuais.O assessor da SEDH evitou confirmar se o país lidera as estatísticas de mortes contra os homossexuais. “Os dados sobre o assunto ainda são muito frágeis”, justifica. Ele disse, no entanto, que a violência contra gays e travestis, de fato, está em níveis altos e representa um problema social.Nos últimos anos, porém, o país tem gradualmente mudado esse quadro, diz o assessor. Uma das iniciativas apontadas por ele para combater o problema é a instalação de centros de atendimentos às vítimas de homofobia, onde os gays e travestis recebem atendimento psicológico e jurídico.Atualmente, segundo Santos, existem 50 postos em todo o país, montados desde 2005 em parceria com governos estaduais, prefeituras e organizações da sociedade civil. A SEDH, ressalta ele, pretende aumentar o número de centros. “Nossa prioridade é expandir o atendimento para as cidades do interior”, afirma.Outra iniciativa essencial para diminuir a violência contra os homossexuais é a integração das políticas públicas para essa parcela da população, com a ajuda dos estados e dos municípios. De acordo com Santos, isso será feito com a 1ª Conferência Nacional GLBT, que ocorrerá em junho em Brasília.“Até agora, as principais iniciativas eram do governo federal, mas, pelo que temos visto nos encontros preparatórios, as autoridades estaduais e municipais estão se mobilizando para ampliar o acesso dos homossexuais a políticas públicas”, comenta.De acordo com o levantamento do Grupo Gay da Bahia, os travestis respondem pela metade dos 49 assassinatos de homossexuais cometidos neste ano no país. O representante da SEDH atesta que a violência afeta principalmente os travestis, mas está presente em todas as classes sociais.“A homofobia não distingue classe social, tanto em relação às vítimas como em relação a quem comete os atos”, explica Santos. Ele alega, porém, que as mortes e os espancamentos são apenas uma pequena parte dos abusos contra os homossexuais: “A humilhação e discriminação, muitas vezes, são tão agressivas como a violência física”.