Vice-presidente da Contag propõe discussão sobre modelo de agricultura

15/04/2008 - 16h46

Da Agência Brasil

Brasília - Embora os programas sociais contribuam parareduzir a fome no Brasil, o problema ainda não foi superado. A constatação foi feita hoje (15) pelo vice-presidente daConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura(Contag) e integrante do Conselho Nacional e SegurançaAlimentar, Alberto Broch, ao destacar a importância da 30ªConferência Regional da Organização das NaçõesUnidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para aAmérica Latina e Caribe, que está sendo realizada emBrasília. Para ele, é preciso discutir um novo modelo de agricultura e de desenvolvimento.Em entrevista ao programa Revista Brasil,da Rádio Nacional, Broch citou números doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, há mais de 10 milhõesde brasileiros que sofrem sérios problemas de alimentaçãoe subnutrição.“É verdade que esses númeroscaíram nos últimos anos, mas ainda vivemos grandescontrastes por sermos um dos maiores produtores de alimentos. Nóstemos um problema sério para alimentar o nosso povo, comoocorre eventualmente em toda a América Latina ouprincipalmente em países que são grandes exportadores.Isso é uma vergonha”, comentou.O vice-presidente da Contag destacou que o Brasiltem problemas muito sérios no modelo de agricultura, dedesenvolvimento, de distribuição e de nutrição.Isso, segundo ele, precisa ser debatido durante a conferência,que termina na sexta-feira (18).De acordo com Broch, a FAO contabiliza mais de 800milhões de pessoas que passam fome no mundo. Segundo ele,desde 1996, a organização aprovou medidas para acabarcom a fome nos próximos 20 anos. “Já se passaram 15anos e, em vez de cair para pelo menos a metade, aumentou o númerode famintos no mundo.”Para o vice-presidente da Contag, há ummodelo de “desenvolvimento perverso” no mundo. Dos mais de 800 milhõesde famintos, ressaltou ele, metade vive nas áreas rurais, masnão tem acesso à terra, ao crédito, àspolíticas públicas, à educação e àformação.“Então, nós temos uma propostamuito clara para o Brasil e para o mundo. Para realmente eliminaresse flagelo, é preciso que se discuta um modelo dedesenvolvimento. É preciso fortalecer a agricultura familiar,a reforma agrária. É preciso acesso às políticaspúbicas, é preciso discutir que agricultura nósqueremos para o futuro”, ressaltou.