Greve de médicos em Manaus só termina com "acordo justo", afirma sindicato

18/02/2008 - 21h47

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A greve dos médicos em Manaus (AM) - que completou quatro dias hoje (18) - só vai terminar quando houver um acordo considerado justoentre os profissionais e as secretarias de Saúde do município (Semsa) edo estado (Susam). A avaliação é da presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Auxiliadora Brito. De acordo com o sindicato da categoria, quase 90% dosmédicos de Manaus aderiram à greve. "No interior do Amazonas, como onúmero de profissionais é menor, não há condições de garantir a mesmaparticipação, sob pena de interromper inclusive os serviços essenciaise emergenciais", disse Auxiliadora.Ela destacou ainda que as reivindicações em Manaus estão alinhadas comuma bandeira de luta nacional."Nós estamos em luta em todo Brasil para implantação de um pisosalarial médico. Em 2007, o piso era de R$ 6,9 mil para uma cargahorária de 20 horas semanais. Este ano o piso foi atualizado para R$ 7,5mil.""Existe também uma indicação que surgiu no último Encontro Nacionalde Entidades Médicas [que congrega representantes da Federação Nacionaldos Médicos, do Conselho Federal de Medicina e da Associação MédicaBrasileira], de que essa deve ser uma bandeira que deve ser levada portodas as entidades médicas: a implantação do piso salarial médico e deuma carreira específica para o médico dentro do SUS [Sistema Único de Saúde], considerando queos médicos têm características diferentes dos outros profissionais dasaúde", ressaltou Auxiliadora.A paralisação teve início no último dia 15 e tem como objetivogarantir a reposição de perdas salariais e a implantação de um Plano deCargos, Carreiras e Salários.Quanto à revisão salarial para osmédicos servidores do estado, a presidente do sindicato disse que acategoria espera para esta semana uma audiência com o governadorEduardo Braga para negociar a situação. Já no município, Auxiliadora disse queaguarda o parecer da prefeitura de Manaus sobre uma proposta feitapelo Ministério do Trabalho sobre a implantação de um piso salarial deR$ 3 mil - em substituição ao vencimento básico atual de R$ 300 - e também o acréscimo de 1/4 do salário mínimo paracada ano do médico na prefeitura.Na sexta-feira, a 1ª Vara da Fazenda Pública do Amazonas,determinou o fim da paralisação, por considerar o movimento ilegal. Isso porque os médicos não avisaram às secretarias de saúdedo município e estado - com 72 horas de antecedência, comomanda a lei - sobre o início da greve."Segundo a liminar, a greve é ilegal e por isso será cobrado R$ 5mil por dia de paralisação. Ainda assim, os médicos decidiram continuarem greve, aguardando uma resposta concreta de reajuste salarial e de umPlano de Cargos, Carreiras e Salários, sendo essa a principal condiçãopara que termine a greve", afirmou Auxiliadora.Em nota, a Agência de Comunicação do Amazonas (Agecom) lamentou adecisão tomada em assembléia pelo sindicato dos médicos em manter aparalisação dos serviços não-emergenciais. "Continuamos abertos aodiálogo, fizemos uma proposta factível, com data e hora para umareunião sobre a reivindicação, mas infelizmente o pleito não foiaceito", disse o secretário de Comunicação, Hiel Levy.Ele informou ainda que o governo tomou todas as providênciasnecessárias para que a população não fosse prejudicada, inclusivemedidas judiciais, que resultaram na decretação de ilegalidade domovimento. "Mesmo assim, a categoria se mantém irredutível. O governoquer negociar e encerrar o impasse, mas não vai se submeter apressões", concluiu.