Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mesmo os fazendeirosque legalmente ainda poderiam desmatar até 20% de suaspropriedades na Amazônia deveriam ser estimulados pelo governoa não exercer este direito. A tese faz parte de proposta doGreenpeace para que o Brasil consiga zerar o desmatamento na região até 2015. E prevê o estabelecimento de mecanismos financeiros que fortaleçam acapacidade do Estado de fiscalizar e monitorar, mas também depagar compensação aos produtores legítimos querenunciem ao desmatamento. “O desmatamento naAmazônia tem papel muito grande nas mudanças climáticas.É preciso parar”, afirmou o coordenador da campanha Amazôniado Greenpeace, Paulo Adário. Segundo ele, já existem700 mil quilômetros quadrados desmatados na Amazônia Legal, em floresta e cerrado. Adário disse considerarpositiva a intenção já manifestada pelo governofederal de cortar financiamentos para quem desmatou além dopermitido pela lei. Mas ressalvou ser necessário um esforçode conscientização dos representantes bancáriosno interior: “Quem toma a decisão de conceder ou não financiamento não é o presidente de banco oficial, maso gerente de agência em cidades do interior da Amazônia.Ele vai receber a visita de um fazendeiro pedindo empréstimo e,se não estiver bem informado, vai dar o financiamento – atéporque precisa cumprir metas”. Para o coordenador doGreenpeace, é "inegável" o envolvimento direto de órgãosde financiamento oficiais no fomento de atividades que destroem omeio ambiente: “Se o governo analisar a fundo, uma boa parte dasatividades da Amazônia vai estar fora do alcance dos bancos eterá que ser cancelada.” Adário disse ainda que ogoverno deveria apoiar atividades que levem em consideraçãoa preservação da floresta, como a pesca de basefamiliar, que gera emprego e renda para muitas comunidades daAmazônia e hoje não recebe ajuda oficial. “Osribeirinhos precisam de condições de refrigeraçãoadequada, de barcos, de tecnologia e treinamento ambiental, porquetêm um índice de perda grande e competem com a escalaindustrial”, defendeu.