Banda larga para todos ainda é realidade distante, diz especialista

06/01/2008 - 0h29

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A proposta do governo federal de expandir oserviço de internet banda larga a todos os municípios brasileiros até2010 ainda é uma realidade distante. A avaliação é do diretor de tecnologia eprojetos do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (Ipso),Carlos Seabra.“Para se ter uma idéia, nós pagamos por uma mesma conexão cerca de 1300% maiscaro do que paga alguém numa conexão na Europa, porque isso ainda não estádifundido”. Seabra explica que, no Brasil, as empresas que oferecem o serviçode banda larga cobram da população todo o investimento feito em um setor aindapouco desenvolvido.Para este ano, a proposta do Ministério das Comunicações é levar a internetbanda larga a 20% dos municípios até junho, construindo uma rede pública de altavelocidade para atender escolas, hospitais, delegacias, postos de saúde eassociações comunitárias.“As condições no nosso país ainda estão muito longe do ideal, não só porque amaior parte dos municípios ainda não possui banda larga como porque o que échamado de banda larga, na verdade, ainda é uma banda muito estreita”.Seabra garante que todas as grandes capitais do país, hoje, possuem o serviçopor telefonia ou por cabo, mas lembra que, mesmo nos grandes centros, atecnologia deixa a desejar. “São velocidades infinitamente inferiores àsoferecidas em países europeus ou nos Estados Unidos”.Ele destaca, entretanto, o interesse e a facilidade da população brasileira noacesso à internet como pontos positivos para o processo de expansão do serviço.“A gente vê um morador de periferia de uma cidade pobre e cheia de carências.Na hora em que ele senta na frente de um computador e aprende a manusear, viraum usuário como poucos no mundo. Parece que está no sangue do brasileiro”.Seabra reforça que, apesar da série de iniciativas propostas pelo governofederal, as medidas ainda são insuficientes para permitir o acesso a todos. Umaquestão importante e positiva para a expansão, segundo ele, é o baixo preçocobrado pelos computadores diante da política de redução de impostos no país.“Acho que tem sido desenvolvida uma política no sentido de popularizar eviabilizar o acesso da cidadania à tecnologia. Ainda estamos longe disso, mas ocaminho está dado. Até porque as forças de mercado também vão nesse sentido.Toda a lógica capitalista de mercado vai nessa direção, do acesso à tecnologiauma das garantias da moderna cidadania”.