Para economista, Brasil está bem, mas mercado internacional ainda é incerto

01/01/2008 - 18h44

Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na avaliação do economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rogério Sobreira, as perspectivas da economia brasileira para o ano que se inicia são “bastante auspiciosas”. Em entrevista à Rádio Nacional, ele disse que, no momento, há uma série de condicionantes positivos. “Os investimentos estão crescendo fortemente, o Plano de Aceleração do Crescimento [PAC], que tende a ser preservado a despeito da não aprovação da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], e a preocupação do governo em investir em infra-estrutura, especialmente em energia. Esses são os fatores bastantes positivos”.Sobreira, no entanto, manifestou preocupação quanto a incertezas no mercado internacional. "O cenário externo ainda não está resolvido, não sabemos exatamente qual a  dimensão da crise que estamos vivendo hoje”. Ele ressalvou que, embora o Brasil exporte principalmente para a Europa e não para os Estados Unidos, que é o foco da  crise, a Europa tenderá a sofrer os efeitos. "A gente não sabe quais serão esses efeitos, quanto tempo isso vai durar, qual a magnitude deles".O economista também avalia que o país poderia estar mais seguro caso a performance econômica dos últimos anos tivesse sido melhor. Sobreira citou como um dos entraves para a economia brasileira o política "conservadora” do Banco Central.“Se a política monetária  tivesse sido um pouco mais flexível, provavelmente a gente teria tido uma  taxa de crescimento maior, sem que isso implicasse numa inflação maior. Mesmo não nos patamares chineses, que têm alcançado 10% nos últimos anos, mas seguramente maior do que os temos alcançado”. Ele diz, ainda, que uma política para investimento é a única forma que há para garantir a absorção da capacidade ociosa e a confiança na economia.“É importante que os sinais do governo sejam bastante claros nesse sentido - um programa como o PAC deslanchando e um Banco Central que opere alinhado com essa política. Aí teremos o consumo interno crescendo por meio de política social e de crédito”. Ele acrescentou que é imprescindível a criação de um ambiente favorável, no qual o empresário tenha a possibilidade de calcular o retorno de seu investimento para realizá-lo. “Se, por outro lado, temos incertezas externas, como está acontecendo, e internas, por meio de política interna de política de juros que você não sabe o que é, aí teremos o pior dos mundos. Eu acho que devemos apostar na politica de juros sem ter medo de inflação de demanda”.