Libertação pode ser primeiro passo para Farc entregar mais reféns, avalia Garcia

27/12/2007 - 15h16

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse hoje (27) acreditar que a operação para a libertação de três reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) seja um primeiro passo para a entrega de outros reféns, entre eles a ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, seqüestrada há cinco anos.Garcia embarcou no início da tarde de hoje (27), em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para Caracas, capital da Venezuela. Ele integrará o grupo que testemunhará a operação de entrega amanhã (28), coordenada pelo governo de Hugo Chávez, com autorização do presidente colombiano, Álvaro Uribe.“Se a operação amanhã (28) for exitosa, tem tudo para ser exitosa, tenho a impressão de que o próximo passo é a libertação da Ingrid e de outras pessoas que estão presas lá [na Colômbia]”, disse Garcia antes de embarcar na Base Aérea de Brasília.Para o assessor da Presidência da República, a libertação dos reféns pode abrir caminho para a paz na Colômbia. “Quem sabe se chegarmos a contento nesse programa humanitário de libertação de reféns, talvez possa se abrir caminho para a paz na Colômbia, que é uma coisa desejada por todos”, completou.A ex-candidata à vice-presidência da Colômbia Clara Rojas, seqüestrada em 2002, e o filho dela, Emmanuel, de três anos, que nasceu no cativeiro, são dois dos reféns a serem libertados. A terceira é a ex-deputada Consuelo Gonzáles, presa em 2003. O filho de Rojas é fruto de um relacionamento com um integrante das Farc.Garcia explicou que o papel dele e dos outros representantes do grupo, composto também por Equador, Argentina, Cuba, Bolívia e França, é de ser “uma garantia” da operação. Ao falar sobre a função do Brasil, o assessor destacou que o governo federal já vinha, em conversas reservadas, participando da discussão, inclusive colocando-se à disposição, mais de uma vez, do governo colombiano. “Não estamos sendo convidados de última hora. Estamos há muito tempo desenvolvendo discretamente iniciativas para que se chegasse à essa solução”, ressaltou.O vôo até Caracas deve durar cinco horas. Da capital venezuelana, de acordo com o assessor, o grupo será transferido para uma base. De lá, serão levados de helicóptero para o local da libertação, em território colombiano.O local é mantido em sigilo, mas Chávez adiantou ontem (26) que os reféns devem ser entregues perto do ponto proposto pelas Farc, a cidade de Villavicencio, no estado colombiano de Meta, no centro do país. No entanto, segundo o próprio presidente, aviões e helicópteros venezuelanos estão a postos em vários aeroportos do país.Questionado se estaria com “frio na barriga” de entrar na mata onde, possivelmente, os reféns devem ser entregues, Garcia respondeu: “Não deu medo ainda. Tenho a barriga grande. Não deu para sentir frio ainda”.