Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou hoje (15) que provavelmente na próxima terça-feira (20) ou quarta-feira (21) converse com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o soldo dos militares. Ele disse que pretenderesolver essa questão ainda este ano.
Ele admitiu que o problema é sério porque “qualquer aumento que se dê, mínimo que seja, sempre representa muito”. A disposição de Jobim, entretanto, é negociar pessoalmente com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, autorizado pelo presidente Lula. "É uma construção política complicada, tendo em vista as restrições orçamentárias. Mas é isso que nós vamos fazer”.
O orçamento das Forças Armadas para o próximo exercício poderá chegar a R$ 10 bilhões, se depender da disposição de Jobim. Durante a abertura da 4ª Conferência do Forte de Copacabana sobre Segurança Internacional, realizada no Rio de Janeiro, Jobim lembrou que este ano o governo conseguiu otimizar os orçamentos das Forças Armadas em R$ 3 bilhões.
“Estava previsto um orçamento para investimento e custeio de R$ 6 bilhões. O governo autorizou subir para R$ 9 bilhões e teremos na execução orçamentária uma promessa de chegarmos a R$ 10 bilhões”, manifestou o ministro.
Nelson Jobim ressaltou, entretanto, que os novos equipamentos destinados ao aparelhamento das Forças Armadas estarão vinculados a definições decorrentes do Plano Estratégico que está sendo elaborado.
“De forma tal que não sejam algo de ter que comprar as coisas, mas de ter que comprar tendo em vista as tarefas definidas. E aí você começa a legitimar essas compras com entendimento no Congresso Nacional”.
Ele salientou, também, que todas as compras estão vinculadas à transferência de tecnologia. “Não é possível você comprar equipamentos para as Forças que dependam de tecnologias não transferidas, porque aí você não tem a mobilização possível. Porque a primeira coisa que se faz para cortar a mobilização é impedir a importação de materiais estratégicos”.
Jobim disse que o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que participa do projeto, já visitou indústrias de defesa na Índia e na Rússia, avaliando a possibilidade de transferência de tecnologia, e hoje está em Paris, na França. Em janeiro próximo, os dois ministros visitarão os Estados Unidos com o mesmo objetivo. A idéia é conhecer “todos os países que forem necessários”, ressaltou. Nelson Jobim disse que já há entendimentos com a França para construção de helicópteros no Brasil. A Embraer também discute a construção de aviões de transporte de carga. “A linha toda é essa: todas as negociações passam claramente pela transferência de tecnologia”.