Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Polícia Federal prendeu hoje (6) 20 pessoas suspeitas deintegrar esquema internacional de lavagem de dinheiro, remessa ilegal dedólares para o exterior e sonegação de impostos. Segundo estimativas da PF, oscrimes, que estão sendo investigados há um ano e meio, podem ter causado umprejuízo de R$ 1 bilhão à Fazenda Nacional.As prisões foram efetuadas nos estados de São Paulo, Rio deJaneiro, Bahia e Amazonas. Elas fazem parte das ações da Operação Kaspar 2, que mobilizou 280 agentes e resultou também na apreensão de R$ 6milhões e US$ 700 mil, além do bloqueio de contas bancárias com saldo de cercade R$ 2 milhões.Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidospela 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, especializada em crimescontra o sistema financeiro.De acordo com o delegado Ricardo Andrade Saadi, coordenadorda operação, bancos europeus, doleiros e grandes empresas brasileirasparticipavam das fraudes. As empresas, informou, enviavam no mínimo R$ 7milhões por mês, principalmente para instituições financeiras da Suíça. “Essasinstituições propiciavam a abertura de contas correntes numeradas, codificadas,com a quebra do sigilo muito difícil de ser realizado”, disse.Saadi explicou o esquema: asempresas interessadas em fazer as remessas ilegais procuravam doleiros noBrasil que tinham contato com bancos na Europa e mantinham contas noexterior. Para fazer a remessa, a empresa depositava a importância em reais emuma conta do doleiro em um banco brasileiro. O valor era então transferido, em dólares, para uma conta aberta pela empresa no exterior, sem pagamento de impostos ou taxas.O dinheiro enviado ao exterior, acrescentou o delegado, ou erafruto de operações ilegais, não declaradas ao fisco nacional, ou servia paraimportação de mercadorias subfaturadas vindas da China e dos Estadas Unidos.Nota divulgada pela JustiçaFederal em São Paulo informa que o esquema seria liderado por Claudine Spiero e que "as instituições identificadas na investigação,supostamente envolvidas no caso, são osbancos UBS (União de Bancos Suíços),Clariden, Credit Suisse e AIG”. O delegado revelou que empresas brasileiras do setor de “comércio em geral”estão entre as investigadas.Dos 20 presos, de acordo com a PF, sete são doleiros, três são funcionários de bancos estrangeiros e dez sãodonos ou executivos de empresas. Só uma das prisões foi feita em flagrante, no Rio de Janeiro – as outras são temporárias. Os suspeitosdeverão permanecer detidos por até dez dias e, caso sejam encontradas novasevidencias, poderão ter sua prisão preventiva decretada pela Justiça.