José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A proibição da propaganda de cigarros na mídia a partir de 2000refletiu muito pouco na venda de cigarros no país, mesmo considerando a importânciada medida para frear o consumo, avaliou a fabricante de cigarro Souza Cruz. Segundo o diretor de Assuntos Corporativos da empresa,Constantino Mendonça, houve uma “pequena redução” nas vendas, sendo que os trêsúltimos relatórios anuais da Souza Cruz apresentaram números estáveis.De acordo com Mendonça, o que vem atingindo mais seriamenteo setor é o mercado ilegal de venda de cigarro - contrabando, falsificação demarcas e fabricação do produto em território brasileiro com sonegação deimpostos. Esse segmento ilegal, segundo ele, abocanha entre 30% e 35%do mercado nacional. “Nos últimos 10 anos cresceu a ilegalidade no setor”,afirma o diretor da Souza Cruz, deixando claro que as campanhas institucionaisacabaram atingindo de “forma pequena” a indústria do fumo.De acordo com a Souza Cruz, o volume de cigarros vendidos noBrasil, em 2005, chegou a 128 bilhões de unidades. A estimativa da empresa é deque 39 bilhões desse total pertença ao mercado ilegal, número que seria quase amesma quantidade vendida no mesmo ano pela Argentina, que chegou aos 41 bilhõesde cigarros vendidos. Quanto à reclamação de entidades que atuam na área decombate ao fumo de que a indústria vem promovendo, indiretamente, shows eeventos com a participação de formadores de opinião fumantes, contratados pelosetor para incentivar o jovem a fumar, além de fazer propaganda indiretaatravés de personagens em filmes e em novelas, Mendonça rebate afirmando que “éuma leviandade”.“Somos proibidos por lei em fazer qualquer tipo depropaganda, a não ser nos pontos de venda, além de não poder patrocinar eventosculturais e esportivos. Se acharem que a indústria do tabaco está financiandoalguém ou eventos, é só denunciar. Essa colocação é uma leviandade”, ressalta odiretor da Souza Cruz.O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de fumo domundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe no planetacerca de 1,2 bilhão de fumantes. A previsão para 2050 é que esse número subapara 2 bilhões.