Países membros devem operacionalizar defesa ao Mercosul, diz embaixador

16/01/2007 - 14h33

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Mercado Comum do Sul (Mercosul) deixou de despertar expectativas na classe empresarial brasileira. A avaliação é do  presidente do Conselho Empresarial de Relações Exteriores da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Luiz Felipe Lampreia. Para ele, a crise cambial vivida pelo Brasil nos anos de 1998, 1999 e 2002, o enfraquecimento econômico na Argentina no início da década e a falta de entendimento entre os países membros do bloco dificultaram o avanço do bloco. No fim desta semana, a cúpula do Mercosul se reúne no Rio de Janeiro.Lampreia, que foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso, disse que os governos precisam operacionalizar o discurso de defesa da integração. “Há muito discurso e pouca ação", afirmou o ex-chanceler, em entrevista à Agência Brasil. "Todos os países membros têm em seus governantes fortes defensores do bloco. Está no momento de fazer avanços, com a aplicação de medidas que permitam, por exemplo, que nossos sócios tenham mais acesso ao mercado brasileiro com os produtos em que eles sejam mais competitivos”, acrescentou o embaixador. Ele disse que, hoje, assim que um produto conquista maior faixa de mercado, em geral os governos dos países vizinhos tomam medidas para reduzir a entrada no mercado nacional. “Quando isso acontece, ele logo se torna objeto de condições, de salvaguardas e, às vezes, de antidumping. Ele é barrado na porta”, destacou.  Segundo Lampreia, tais questões acabam refletindo também no papel do bloco no cenário internacional, que fica enfraquecido e deixa de atrair novas possibilidades comerciais com outros países.Lampreia criticou a entrada de países como a Venezuela, que já faz parte do bloco, da Bolívia e do Equador, cujo pedido está sendo avaliado. Para ele, a ampliação do número de países membros enfraquece ainda mais e dificulta a integração do bloco. Isso porque Venezuela e Bolívia tiveram motivações puramente políticas e não estariam comprometidos com a coesão comercial dos integrantes, explicou o ex-chanceler.Por outro lado, ressaltou Lampreia, o Brasil deve intensificar suas relações comerciais com outros parceiros, como os do bloco BRIC, formado também por Rússia, Índia e China, e com países da África. De acordo com ele, o Brasil não deve se limitar a uma agenda única, embora não se possa esperar dessas outras relações a mesma coesão que seria possível através do Mercosul, que congrega países geograficamente próximos.