Crescimento da indústria não compromete capacidade produtiva, avalia CNI

16/01/2007 - 18h55

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A expansão da indústria nos últimos seis meses ocorreu sempressão sobre a capacidade produtiva. A avaliação é da Confederação Nacional daIndústria (CNI), que divulgou hoje (16) os Indicadores Industriais de novembro.Segundo o levantamento, apesar de as vendas reais teremaumentado 5,16% de abril a novembro, a capacidade instalada, nesse período,manteve-se estável, em torno de 82%. “Os números mostram que a produção cresceusem comprometer a capacidade das indústrias, o que é excelente porque osfabricantes não poderão reajustar preços usando a desculpa de que não conseguematender à demanda”, explica o economista da CNI Paulo Mol.Segundo Mol, a estabilidade da utilização da capacidadeinstalada, apesar da produção crescente, representa um argumento para que oBanco Central continue, em 2007, a reduzir a Selic, a taxa básica de juros daeconomia. “Em 2004, quando o país cresceu 4,9%, o Banco Central aumentou osjuros porque a capacidade de produção estava comprometida e provocava pressõesinflacionárias”, recorda o economista. “Agora, isso não está ocorrendo”.No ano passado, a Selic caiu quase cinco pontos percentuais.De 18% ao ano, em janeiro, a taxa básica de juros terminou 2006 em 13,25% aoano, percentual definido na última reunião do Comitê de Política Monetária doBanco Central, no final de novembro.Para o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa Econômica daCNI, Flávio Castelo Branco, a estabilização do uso da capacidade instalada significaque os empresários do setor têm feito investimentos nos últimos meses. “Muitosfabricantes têm aproveitado o cenário da economia para comprar máquinas econtratar funcionários”, afirma.Segundo Castelo Branco, essa pode ser uma das explicações parao fato de as vendas reais de novembro registrarem o terceiro melhor nível dahistória, apesar de terem caído 0,33% em relação a outubro. “Mesmo com a queda,as vendas das indústrias só perdem para agosto de 2004, quando foi registrado omaior índice, e para outubro, quando a produção cresceu fora das expectativas”,ressalta.Sobre o emprego industrial, que apresentou aumento de 3,88%na comparação com novembro de 2005, Paulo Mol diz que, na verdade, o fenômeno éheterogêneo. Ele explica que mercado de trabalho na indústria varia conforme aatividade econômica.“As indústrias de alimentos e bebidas, que respondem pelamaior parte dos empregos industriais, têm tido crescimento forte, mas as áreasde vestuário, calçados e móveis, que dependem das exportações, estão indo malpor causa do real valorizado”, declara o economista da CNI. “As estatísticastraduzem apenas uma média que nem sempre representa a realidade de algunssetores”, afirma.