Serra faz críticas ao baixo crescimento econômico do Brasil e à corrupção

01/01/2007 - 20h50

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O discurso do novo governador de São Paulo, José Serra, durante a cerimônia de transmissão de cargo na sede do governo paulista, no Palácio dos Bandeirantes, foi marcado por críticas ao governo federal, citando o baixo crescimento econômico do país. "A política da pasmaceira em relação à nossa economia tem consagrado a mais perversa tendência depois de um século de prosperidade: a semi-estagnação, que já se prolonga por 25 anos", disse Serra, durante seu discurso.De acordo com Serra, “o crescimento amplo e rápido da produção e do emprego não traz somente benefícios materiais. Fortalece, também, as instituições e os valores democráticos, favorece a estabilidade política, estimula a tolerância, amplia as oportunidades”.Serra também criticou o “mote fatalista e acomodador” que “considera a desonestidade inerente à vida pública”. De acordo com o novo governador, o poder não corrompe o homem. “São alguns homens que corrompem o poder; outros, pelo contrário, combatem a corrupção no poder”.O governador disse que defende o “ativismo governamental”, que vai ser “um militante incansável da Lei de Responsabilidade Fiscal” e que vai “governar São Paulo voltado para o Brasil”. Serra se emocionou ao citar, em seu discurso, os nomes de Dom Paulo Evaristo, do ex-governador Franco Montoro e de Madre Cristina, que considera exemplos de pessoas que se dedicaram aos outros.Apesar das críticas, o governador também disse que durante o seu mandato pretende manter uma boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Como governador de São Paulo, procurarei ter com ele as melhores relações institucionais possíveis. Desejo-lhe boa sorte, mais uma vez”, disse em discurso.Em sua despedida, o ex-governador Cláudio Lembo disse que está “aliviado” com a sua saída e destacou que se fosse um dos 27 governadores eleitos, pedira uma reunião junto ao presidente da República para discutir sobre a questão da segurança.“Segurança pública é um tema fundamental para o Brasil”, disse Lembo,lembrando-se dos ataques violentos ocorridos em maio passado, em São Paulo. Lembo também disse que espera que o presidente Lula faça um segundo mandato melhor que o primeiro. “Espero que ele (Lula) se afaste dos maus conselheiros, dos maus políticos e que faça um bom governo”.Ao final da cerimônia de transmissão de cargo, Serra e o seu vice, Alberto Goldman, receberam os cumprimentos dos cerca de 2 mil convidados. Também estiveram presentes à cerimônia o ex-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin, acompanhado de sua esposa, Lú Alckmin, e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que destacou, no discurso de Serra, a discussão sobre o problema de ética no Brasil.“Não sei se é o único problema (do país), mas é muito importante. Acho que falta punição, falta sentimento de justiça. Alguma coisa tem que se recuperada para o Brasil. Errou, deve ser punido”, disse o ex-presidente, em entrevista à imprensa. “Não pode ser como hoje, em que não acontece nada. Todos esses escândalos, dossiês, sanguessugas... A lei aqui só existe para quem é pobre. Isso está errado, tem que acabar”.José Serra foi eleito em primeiro turno pela coligação Compromisso com São Paulo (PSDB, PFL, PTB e PPS), recebendo mais de 12 milhões de votos. Assume agora um estado com orçamento de mais de 84 bilhões de reais e uma população estimada de mais de 40 milhões de pessoas.