Brasil precisa agilizar integração sul-americana, defende professor

01/01/2007 - 10h33

José Carlos Mattedi e Álvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Mercado Comum do Sul (Mercosul) corre risco deisolamento caso continue com suas “indefinições” políticas e econômicas, naopinião do professor de Ciências Políticas do Instituto de Assuntos Políticosda Universidade de Paris, Alfredo Valadão.Para ele, o Mercosul está atrofiando devido à incapacidade deaprofundar sua integração. “O problema não é tanto econômico, mas político”,afirma Valadão, citando o Brasil como um dos grandes culpados pelo atraso nessaintegração."O problema da diplomacia brasileira frente ao Mercosulé não saber o que quer. Tem dias que quer ser um ator coletivo, trabalhando comos vizinhos. Em outros dias, quer impor uma liderança local e mostrar que é umafutura grande potência. Não sabemos para onde estamos indo, e levamos juntos oMercosul”.Valadão destaca o fato de que todos os países da costa doOceano Pacífico (menos o Equador), ou seja, do Chile ao México, firmaram acordosde livre comércio com os Estados Unidos e Europa e com alguns grandes paísesasiáticos."Está começando a existir uma espécie de integraçãodesse bloco com a economia mundial, cujas regras são feitas pelosnorte-americanos e europeus. É um modelo que chamo de nova Linha de Tordesilhasna América Latina, que coloca do outro lado os países da costa atlântica,capitaneados por esse Mercosul complicado, que vive em órbita do Brasil”.Algumas disputas comerciais entre os países do Mercosulmarcaram o ano de negociação política entre os países da região. O governoargentino exige, por motivos ambientais, a suspensão das obras de duas fábricasde celulose no Uruguai próximas ao rio Paraguai, fronteira entre os doispaises.O Chile, por sua vez, está insatisfeito com medidas tomadaspela Argentina que aumentam os custos energéticos e o preço do gás no país. Oproduto tem sido tema de debate também entre os presidentes do Brasil, LuizInácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, que nacionalizou as reservasbolivianas de gás este ano.Entre os mais insatisfeitos do bloco está o Uruguai, que jácogitou a possibilidade de deixar o Mercosul. Este ano, o Mercosul tambémcontou com a adesão da Venezuela.Ao assumir a presidência temporária do Mercosul,no dia 21 de julho, Lula prometeu se empenhar para que o bloco esteja “cada vezmais forte, mais presente e mais atuante. A presidência pro temporebrasileira quer gerar uma efervescência positiva e dar um impulso renovado anossos propósitos”, durante a 30ª Reunião da Cúpula dos presidentes do Mercosul,na Argentina.Este ano, os países do Mercosul também avançaram na negociação para reduzir ouso do dólar nas transações comerciais na região. O ministro brasileiro daFazenda, Guido Mantega, explicou que Brasil e Argentina fazem transações de US$15 bilhões anuais. “O exportador argentino tem que passar do peso para o dólare do dólar para o real. Queremos fazer operações direto nas nossas moedas”. Oobjetivo é reduzir os custos. “Os dois países têm excesso de dólar entrando nopaís”, afirmou o ministro.