Economista rebate PSDB e diz que política externa não é só comércio

26/10/2006 - 19h33

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A política externa do próximo governo deve continuar privilegiando a relação com países do Sul do planeta, defende o economista Theotônio dos Santos, diretor da Rede de Economia Global da Universidade das Nações Unidas para a Economia Global e o Desenvolvimento Sustentável. Theotônio defende a política do atual presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PRB/PCdoB).“Evidentemente existe um aspecto político e cultural, que pode ser que não interesse a eles, mas é fundamental para a relação desses países”, afirma. “Uma identidade cultural e política é muito importante para a união desses países”.A principal crítica da campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) é de que a política externa de Lula seria simplesmente ideológica, por afinidade política com alguns governos. Essa política, segundo Alckmin, não teria trazido resultados práticos para o comércio do Brasil com outros países. “Vou despolitizar a política externa”, prometeu Alckmin durante o debate da TV Record, segundo sua assessoria de imprensa.“A integração latino-americana é mais completa, não é só comercial ou de mercado”, defende. “É também tecnológica e até política, seguindo o caminho da União Européia”.Theotônio não considera que seria positivo para a economia brasileira a retomada das negociações comerciais com os Estados Unidos. “Não há nenhum problema de retomar a negociação se o Estados Unidos estiver interessado em negociar”.O economista considera que não há “muito sentido você negociar se o negociador do outro lado não tem interesse”. Theotônio considera que as questões centrais para a economia brasileira não encontravam consenso com os EUA, como a exportação de aço e de sucos. “Seria renunciar a qualquer interesse brasileiro para ficar bem com os EUA e isso não é bem política exterior, mas uma subordinação a outro país”.Theotônio considera que, no caso dos europeus, há uma margem de negociação maior. “Acho que não vão abrir mão da política de subsídios agrícolas”, acredita. Mais pela concorrência dos produtos dos EUA do que pelo Brasil, avalia. Mas considera que o governo brasileiro poderia conseguir concessões em questões que interessam ao país.O economista acredita que as críticas à política externa do candidato Lula vêem de “uma perspectiva subordinada”. “Quando eles governavam, o Brasil não conseguia aumentar suas exportações. O que esses senhores podem falar de comércio se na época deles houve paralisação das exportações?”. Theotônio também considera que o aumento das exportações não é provocado  apenas pelo cenário mundial. O economista afirma que, em outros anos de expansão comercial, o Brasil não aproveitou para aumentar suas exportações.