Carga tributária e câmbio reduzem otimismo, avalia estudo da CNI

25/10/2006 - 20h25

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A carga tributária, em torno de 37% do Produto Interno Bruto (PIB), permanece como o principal problema para 70% dos grandes industriais e para 71% dos pequenos e médios, de acordo com a Sondagem Industrial do terceiro trimestre, divulgada hoje (25) pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).Os percentuais superam os da pesquisa anterior, quando o peso dos impostos havia sido citado por 65% das indústrias de grande porte e 68% das empresas de menor porte. Para o economista Renato da Fonseca, gerente da Unidade de Pesquisas da CNI, esse aumento reflete a redução da expectativa de crescimento da indústria."O aumento de cinco pontos percentuais apenas entre os grandes empresários indica que a carga tributária é cada vez mais sendo sentida pelas empresas”, avaliou Fonseca. O crescimento dos impostos em relação ao faturamento, acrescentou, pode se refletir em redução de investimentos e das contratações.O economista avaliou ainda que problemas como a carga tributária e a valorização do real contribuíram para a redução do otimismo dos industriais. Apesar do período de fim de ano, marcado pelo aumento do consumo, o indicador de expectativas de faturamento nos próximos seis meses caiu de 57,9 pontos para 53,9 pontos. “O índice ainda representa otimismo, mas em proporção menor que no meio do ano”, explicou, uma vez que pela metodologia usada no levantamento, indicadores acima de 50 pontos apontam evolução positiva.A moeda valorizada afetou os planos das indústrias de conquistar mercados externos: o indicador de expectativa de exportações caiu de 49,6 pontos para 46,9 pontos. Para as grandes indústrias, o volume de vendas para o exterior caiu de 51,1 pontos em julho para os atuais 46,5 pontos.A previsão do economista é de que com esses problemas o crescimento para o setor ocorrerá a baixas taxas nos próximos meses. “Na visão dos empresários, os efeitos positivos da queda dos juros não estão compensando o câmbio e a carga tributária”, analisou.