Marinha abre inquérito para apurar causas do acidente na Baía de Guanabara

18/10/2006 - 16h27

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de janeiro - A Capitania dos Portos do Rio de Janeiroabriu inquérito policial militar para apurar as circunstâncias e causasdo acidente ocorrido na noite de ontem (17) na Baía de Guanabara,envolvendo um navio cargueiro das Bahamas e um barco pesqueiro quetransportava mergulhadores em serviço na manutenção de um emissáriosubmarino na orla da capital fluminense.

Obarco, que tinha 12 pessoas a bordo, afundou. Quatro dos tripulantesconseguiram saltar no momento do naufrágio, foram atendidos no HospitalCentral da Marinha e passam bem. Os outros oito ainda estãodesaparecidos.

Desde a madrugada, aMarinha trabalha para resgatar as vítimas, empregando mais de 200homens na operação de busca. Na manhã de hoje (18), a embarcação queafundou foi localizada no meio da baía, a 37 metros de profundidade.

Deacordo com o capitão dos Portos do Rio de Janeiro, Monteiro Dias, o mautempo e as fortes correntes marítimas estão dificultando o trabalho dosmergulhadores, que ainda não puderam identificar se os ocupantes dobarco estariam presos junto aos destroços no fundo do mar. ”O acidentefoi muito grave, o impacto muito violento e a embarcação foi destruída.Havia pedaços de madeira, inclusive presos à âncora do navio.Conseqüentemente, as pessoas que estavam descansando dificilmentetiveram tempo de sair da embarcação” disse ele.

Pordeterminação da Capitania dos Portos, o navio cargueiro foi impedido dedeixar, por enquanto, as águas brasileiras. A embarcação que vinha deItajaí, em Santa Catarina, e seguiria para a Ucrânia, entrou na baía deGuanabara apenas para abastecer.

Ocomandante e o timoneiro do navio prestaram depoimento nesta manhã naCapitania dos Portos. Também já foram ouvidos os mergulhadores queconseguiram sair do barco que naufragou.

Segundoo capitão Monteiro Dias, já existem muitas informações e indícios sobreas circunstâncias do acidente, mas é prematuro fazer qualquer afirmaçãosobre os fatores que determinaram a colisão. “Seria prematuro precisaro que ocorreu. Nós já temos uma idéia do ocorrido. Logo após oacidente, filmamos tudo, ouvimos as pessoas envolvidas, temos indícios,mas só o inquérito vai dizer realmente o que ocorreu”.

Ocapitão ressaltou que, na noite de ontem, a visibilidade era boa e nãohavia problemas de navegabilidade no local. De acordo com ele, a falhahumana é a causa de cerca de 80% dos acidentes de navegação.

Diasexplicou que o conjunto de regras internacionais de navegação,denominado Regras para Evitar Abalroamento no Mar (Ripeam) prevê que aembarcação que avista outra pelo lado direito é que deve manobrar paraimpedir uma colisão. De acordo com ele, o inquérito, que tem prazo deconclusão de 90 dias, vai apurar se essas regras foram cumpridas. “Quemnão cumpriu as regras é que é o culpado”.

Ocapitão disse que não havia desvio na rota do navio mercante. Ele nãoquis, entretanto, avaliar qual das embarcações  teria deixado defazer a manobra prevista.  Em abril deste ano, um acidentede grandes proporções ocorreu na Baía de Guanabara, quando 30 pessoasficaram feridas por causa do choque entre uma balsa e um aerobarco quefazia transporte de passageiros.