Encontros de crianças "sem terrinha" mobiliza MST em todo o país

12/10/2006 - 19h49

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Crianças de 7 a 14 anos, filhas deintegrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - chamadas de "sem terrinha" - realizaramhoje (12) encontros em todos os estados brasileiros paradiscutirem questões locais de interesse das crianças do MST. No RioGrande do Sul, o encontro dos sem terrinha reuniu cerca de 1500crianças de assentamentos e acampamentos gaúchos, em sete encontrosregionais.O tema dos gaúchos foi “compreender o mundoa partir da realidade que se vive, para depois transformá-lo”. Segundouma das coordenadoras do MST do Rio Grande do Sul, Irmã Tonin, osencontros dos sem terrinhas tem o objetivo de garantir o protagonismodas crianças na organização dos eventos e também da manifestaçãopública delas em defesa do que pensam e esperam do futuro.“Os encontros são espaço de reflexão a respeito dosdireitos das crianças sem terra”, disse Irmã Tonin. E acrescentou: “Ascrianças do MST estão tendo o futuro ameaçado por causa do plantio damonocultura no estado, principalmente de eucaliptos para a produção decelulose”. A coordenadora informou também que só o cultivo para aprodução de celulose no estado já ocupa 350 mil hectares de terras efeito por três empresas transnacionais. Segundo ela, a meta é em 2010,chegar a um milhão de hectares de terras gaúchas ocupadas com o plantiode eucaliptos para a produção de celulose.Irma Tonin informou que o prejuízo com o cultivo paraa celulose é “muito grande para a reforma agrária” e também para asociedade, porque o eucalipto retira a água de lençóis profundos e temprovocado secas na região, além de prejudicar a fertilidade do solopara as outras culturas. Segundo ela, as crianças estão debatendo osprejuízos que a monocultura gaúcha trazem para a realização da reformaagrária no estado. “A monocultura compromete a soberania alimentar eprejudica a reforma agrária e o futuro das crianças”.Integrante do setor de educação do MST, MarliZimermann de Moraes ressalta a importância de se aliar brincadeiras adiscussões culturais e a questões que mexem com a própria realidade dascrianças, como a monocultura de pinus, acácia e eucalipto. “Éimportante que as crianças e os adolescentes aprendam e discutam sobrea questão, para que possam escolher o melhor para suas vidas”.