Dez anos podem ser pouco para implantar TV digital, avalia coordenador de fórum pela democratização da comunicação

12/10/2006 - 16h21

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O prazo de dez anos para a implantação da TV digitalno Brasil pode ser considerado curto, se comparado com tempo de desenvolvimentodessa tecnologia no mundo. Para o coordenador geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Augusto Schröder, o prazoprevisto pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, é equivocado.“Do ponto de vista histórico, da experiência dos países, o prazo que o ministrosinaliza é muito exíguo”, avaliou Celso Schröder. Segundo ele, a TV Globo nãopretende  fazer a transição em menos de dez anos, porque não teriapossibilidades econômicas nem interesse imediato na implementação dessatecnologia – que poderia abalar a hegemonia do canal.A escolha do padrão nipo-brasileiro de TV Digital, segundo o coordenador doFórum, teria sido feita para demarcar espaço e garantir o modelo, evitandoassim a entrada de novos atores no processo, principalmente as empresas detelecomunicações que poderiam trazer grandes novidades nesse novo negócio.Celso Augusto Schröder avalia que o mercado, no fim das contas,  é quedeterminará o prazo para a transição do padrão analógico para o digital. “Asnovidades tecnológicas têm uma certa velocidade que não se ajusta aos desejos do Estado ou dos próprios agentes”. Ele acredita que o Brasilpoderia ter aproveitado um pouco melhor as experiências de fracasso esucesso dos diversos modelos adotados no mundo para ter a chance de nãoerrar.O prazo médio de implantação do sistema de TV Digital no mundo tem sido de dezanos, segundo ele, mas ele vai se dilatando de acordo com o modelo de negócio eas exigências tecnológicas, que estão em transformação, esclareceu Schröder. NaEuropa, por exemplo, ele informou que o padrão, embora instalado há mais tempo,ainda apresenta  problemas graves de fragilidade e de recepção de sinal,com interferência de eletrodomésticos.Celso Schröder afirmou que a escolha do modelo japonês de TV Digital peloBrasil foi errada, apesar de sempre haver a possibilidade de uma re-organizaçãoe redirecionamento mais livre  adiante. O coordenador do FNDC analisou quea opção do governo brasileiro não podia ter ocorrido a partir dos modelos àdisposição.Na avaliação de Schröder, o padrão japonês de TV Digital  é fechado, namedida em que impede interface com outros modelos, mantendo o negócio daradiodifusão intocável, pelo menos durante  esse período de dez anos detransição.O cronograma divulgado ontem pelo ministro estabelece que o dia 3 de dezembrode 2007 marcará o início da transmissão da TV Digital no Brasil, na regiãometropolitana de São Paulo. O sistema se estenderá progressivamente nos anosseguintes às demais cidades brasileiras. A desativação do atual padrãoanalógico é prevista para ocorrer até 29 de junho de 2016.