Congresso, bancos e sociedade civil avaliam Mapa da Diversidade do Setor Bancário

10/10/2006 - 16h28

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - O Mapa da Diversidade do SetorBancário, uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dosDeputados, Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e da organizaçãonão-governamental Educafro - Educação e Cidadania de Afrodescendentes eCarentes, poderá ajudar a reduzir a exclusão social de negros,deficientes físicos e mulheres no mercado de trabalho no Brasil. Aavaliação é de dirigentes das três instituições, que participaram hoje(10) de encontro na Câmara dos Deputados.

Inicialmente,será feito um levantamento sobre o número de negros, afro-descendentese mulheres que trabalham no setor, sua ascensão funcional e seussalários. Concluído o levantamento, bancos, sociedade civil e governopretendem firmar o Pacto da Diversidade. O objetivo da iniciativa éaumentar a participação de negros, deficientes físicos e mulheres nosetor bancário.

Para o presidente daComissão de Direitos Humanos da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh(PT-SP), o Mapa da Diversidade  pode ser um marco da luta contra adiscriminação social no Brasil.

“Éum trabalho interessante, pioneiro, e esperamos que possa estimularoutros setores, como a indústria, o comércio e ao de prestação deserviços, a adotarem o mesmo procedimento. Isso é um marco, um símbolona história de negociação contra a discriminação”, afirmou o deputado.

Odiretor executivo da Educafro, frei David Raimundo dos Santos, destacouo que chamou de "percepção muito bonita” de seriedade e boa vontade dasinstituições financeiras em mudar a realidade. Segundo frei David,apenas 11% dos funcionários dos bancos são negros, e a maioria atua emcargos de “pouca importância” nas instituições.

“Ligada a essa boa vontade [dos bancos],está toda a luta da comunidade negra, que convenceu o MinistérioPúblico a abrir processo contra os bancos. É bom dizer que temos váriosprocessos contra vários bancos”, disse Frei David. “Agora, estamosconvencendo o Ministério Público, caso os bancos avancem na questão dainclusão, também com alegria, a suspender os processos. O que queremos,como comunidade negra, é um real processo de inclusão. Não queremosbrigar. A briga é apenas um instrumento para fazer avançar”, afirmou orepresentante do Educafro.

Eleressaltou que a escolha do acordo com os bancos não foi à toa: “Temosconsciência do poder de convencimento que as instituições financeirastêm. Elas avançando [no processo de inclusão social], todos osdemais setores avançarão, inclusive as universidades, e por issoampliamos nossa energia frente aos bancos, porque vamos retomar comoutra qualidade e tranqüilidade a luta com referência a outros setores”.

Odiretor de Relações Institucionais da Febraban, Mário Sérgio deVasconcelos, disse, entretanto, que a iniciativa de acabar comdiscriminação social nos bancos não vai solucionar um problema que,segundo ele, é histórico.  “Os bancos não praticam discriminação.O que entendemos que ocorre, a exemplo ao que acontece com as pessoascom deficiência, é uma grande restrição comportamental da sociedade,que faz diferenciação a algumas categorias de pessoas, a minorias e araças”, disse.

“É umcomportamento de 500 anos, que, nos últimos anos 10 anos, as entidadesresponsáveis e a sociedade civil organizada têm se unido para tentarcorrigir essas diferenças e injustiças históricas”, acentuouVasconcelos. “Somos um setor importante e vamos dar a nossacontribuição. Vamos construir, em conjunto com a  sociedade civile a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, um plano de ação quepermita uma maior inclusão social das pessoas negras no mercado detrabalho bancário”, concluiu o dirigente da Febraban.