BNDES estima em R$ 19,9 bilhões investimentos no setor de papel e celulose até 2010

20/09/2006 - 17h37

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O setor de papel e celulose brasileiro deveinvestir até 2010 cerca de R$ 19,9 bilhões. Segundo o presidente doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), DemianFiocca, a estimativa, conservadora, foi apresentada hoje (20) a líderesdo setor, durante encontro que abriu o ciclo de reuniões setoriais quea instituição fará com representantes da indústria de base, grandedemandante de recursos do banco. “Concluímosque deveremos ter no período 2007/2010, comparado ao período anteriorde 2002 a 2005, um crescimento anualizado do nível de investimentos dosetor de papel e celulose que corresponde a 17% ao ano”, disse Fiocca.“É um crescimento extremamente robusto de investimentos”.

Osprojetos de R$ 19,9 bilhões de investimentos deverão ter financiamentosde R$ 11,7 bilhões do BNDES. Demian Fiocca informou que o setor irámultiplicar o nível de investimentos em relação ao número recente, queera de R$ 9,1 bilhões nos quatro anos anteriores, para pouco mais doque o dobro nos próximos quatro anos.

Fioccalembrou que os desembolsos do BNDES para o setor vêm crescendo nosúltimos anos. Segundo ele, em 2004, foram de R$ 1 bilhão, em 2005passaram para cerca de R$ 1,3 bilhão e este ano deverão chegar a R$ 2,2bilhões. "O BNDES vai mais do que dobrar seu desembolso para o setor emapenas dois anos”, afirmou. Cálculos de técnicos do banco estimam ocrescimento das liberações em 2006 em 69% na comparação com o totaldesembolsado no ano passado.

Atéagosto deste ano, a instituição aprovou financiamentos para projetos deexpansão da produção de papel e celulose no valor de R$ 3 bilhões, quetotalizaram investimentos de R$ 5,5 bilhões.

Deacordo com Fiocca, a tendência de desembolsos continua crescente devidoàs perspectivas favoráveis de crescimento para o setor. Para ele, entreos fatores que reforçam esse otimismo, estão a estabilidade econômica,que permite olhar para um horizonte mais longo e a baixa possibilidadede crises de natureza macroeconômica no país, dados os bons fundamentoseconômicos.

Fiocca citou também aexistência de questões setoriais favoráveis, como o fato de oHemisfério Sul e o Brasil, de forma particular, se destacarem pelocusto mais baixo da produção e a existência de um processo deobsolescência de plantas no Hemisfério Norte. Segundo ele, hápossibilidade de substituição dessas plantas no hemisfério Sul, emespecial no Brasil.

Outro fatorfavorável “é o investimento importante, e bem sucedido no Brasil doponto de vista tecnológico e de inovação, que contribuiu fortementepara o aumento da produtividade das florestas no país”, informou. Nadécada  de 80, a produção média brasileira era de 23 metroscúbicos de eucalipto por hectare ao ano. Esse número subiu para 29metros cúbicos por hectare ao ano na década de 90 e atualmente está em40 metros cúbicos por hectare ao ano.

“Estamosvendo que, em 20 anos, o Brasil, em média, dobrou sua produtividade.Isso com investimentos em gestão, tecnologia e aprimoramento do setor”,afirmou Fiocca. Ele acrescentou que essa trajetória de produtividadereflete também a redução do impacto ambiental.