MP desconfia que escritório de funcionário do Senado estava arrumado demais

13/09/2006 - 22h06

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - De acordo como o Ministério Público, documentos provam o aviso-prévio dado pela Polícia Federal sobre a busca e apreensão que seria feita no Senado, dentro da Operação Mão-de-Obra. Provam também que o presidente do Senado, Renan Calheiros, repassou a informação ao diretor-geral da Casa, Agaciel Maia.Agaciel é um dos investigados pela PF por possível participação no esquema de fraudes em licitações públicas. Ao chegar à sala do senador para apreensão de indícios, a polícia só encontrou o notebook do parlamentar. “Nenhuma sala é tão organizada que não tenha um papel ou uma agenda”, diz o procurador da República José Alfredo de Paula Silva.Em nota, a PF confirma que comunicou a diligência à presidência do Senado “poucas horas antes da operação”. Mas nega que o objetivo tenha sido o “vazamento de informações sobre a Operação Mão-de-Obra”. A nota ressalta que Renan Calheiros é “autoridade que não era investigada e também tinha o dever do sigilo”.O Ministério Público diz que o caso não foi isolado e a prática era feita pela polícia sem autorização, “à revelia do MP, de forma desleal”. “Não tínhamos conhecimento, nunca fomos avisados, era uma prática adotada de forma velada”, critica o procurador.Para evitar novos casos, o MP adotou uma segunda medida. “Vamos entrar em contato com todo o Brasil para que conste na emissão do mandado de busca e apreensão da Justiça que é proibido a PF fazer isso”, diz Paula Silva.