Países pobres só serão competitivos se subsídios agrícolas forem extirpados, diz Lula

13/09/2006 - 18h29

Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, há pouco, que o mundo “caminha com muita força” para reverter a geografia comercial do mundo. “Uma geografia comercial, que distribua corretamente a riqueza que conseguimos comercializar, que dê oportunidade aos países mais pobres de colocar seus produtos agrícolas nos mercados dos países desenvolvidos e que permita, de uma vez por todas, que os subsídios agrícolas sejam extirpados da agricultura do mundo inteiro”, disse Lula. Depois de participar, no Itamaraty, de reunião de trabalho com o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, o presidente brasileiro afirmou que os países pobres só terão chance de ser “competitivos” se os subsídios agricolas forem “extirpados” da agricultura no mundo inteiro. “Se isso não acontecer, os países pobres não terão nenhuma chance de serem competitivos”, completou.Ao comentar as reuniões do G20, promovida pelo governo brasileiro no Rio de Janeiro, e hoje em Brasília, a Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS), Lula disse que esses encontros são um sinal de que tudo está caminho certo. “Muitas vezes, as pessoas perguntam, angustiadas: 'Mas não houve o acordo ainda?'. O acordo é difícil porque você mexe com a economia de cada país. Nós temos que ter paciência. Quanto mais nós trabalharmos, mais chances teremos de ter a Rodada de Doha [que trata do fim dos subsídios agrícolas no âmbito da Organização Mundial do Comércio] para os países mais pobres”, destacou Lula.O presidente destacou que o Brasil não depende de favores na agricultura, e sim de que os países ricos façam concessões aos países pobres. Ele acredita que o mundo está compreendendo que não pode continuar do jeito que está. “Porque, se isso não mudar, como vamos combater a miséria e fome para atingir as Metas do Milênio, que nós próprios decidimos? Como vamos evitar o terrorismo, se não acabamos com uma das chagas da humanidade, que é a miséria absoluta nos países pobres?", questionou.