Construção de hidrelétricas no Rio Madeira divide opiniões

13/09/2006 - 9h01

Thiago Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A construção das usinas no rio Madeira tem gerado controvérsias. Na opiniãodo professor Julio Militão, diretor do Núcleo de Ciência e Tecnologia daUniversidade Federal de Rondônia, as construções proporcionarão benefícios parao setor produtivo, mas as comunidades do entorno precisam ser ouvidas.“Apopulação vive da pesca. Que garantias ela tem de que o alagamento da regiãopoderá ser trocado por algum benefício? Quantas escolas, quanto desaneamento?”, questiona o professor. Segundo ele, “a bem de um modelo econômico, sacrificamosa comunidade”.Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética(EPE), o impacto socioeconômico dos empreendimentos será positivo. “Haverácriação de empregos e geração de renda. Será construída uma montadora parafabricação de turbinas na região”, afirma.Em entrevista à Agência Brasil, o presidente das Centrais ElétricasBrasileiras (Eletrobrás), Aloisio Vasconcelos, garantiu que as obras vãodesenvolver a região. “Cada usina vai demandar 20.000 pessoas e deverá serconstruída ao longo de cinco anos. O que está em andamento é um processo dedesenvolvimento”, disse.Vasconcelos garante que não há possibilidades de crise energética (apagão)no Brasil até 2010. “A projeção de crescimento do PIB está entre 3,5% e 4%. Osetor energético deve crescer entre 5% e 6%, mas projetos estruturantes sãonecessários agora para que o setor energético acompanhe o crescimento do país apartir de 2011. Precisamos dessas usinas e, depois, da usina de Belo Monte, norio Xingu”, conclui.De acordo com Tolmasquim, da EPE, a energia que será gerada é importantepara os padrões brasileiros. “A energia vai atender a área das usinas e serátransportada para a região sudeste através de linhas de transmissão de correntecontínua, que serão construídas em seguida”, afirmou. As usinas de Jirau eSanto Antônio devem gerar cerca 6.400 MW de potência.