Terrorismo abalou prestígio do presidente Bush, diz professor

11/09/2006 - 11h39

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A posição do presidentenorte-americano George W.Bush dentro dos Estados Unidos, hoje, é deenfraquecimento e isolamento. A opinião é do professor de RelaçõesInternacionais da Universidade Federal Fluminense, Willians Gonçalves. Dentro dos Estados Unidoshoje se questiona fortemente o presidente Bush, porque o público americano nãoconsegue ver a ligação entre o combate ao terrorismo e a presença do país noIraque. A situação lá ainda é indefinida, não há perspectiva a vista”, afirmouem entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Para o professor, desde ofim da Guerra Fria, com a antiga União Soviética, no início dos anos 90,observa-se um “fenômeno de alta importância”: a forte concentração de poder dosEstados Unidos.Gonçalves informou que, comos atentados de 11 de setembro de 2001, com esse poder concentrado, que exerciana época, os Estados Unidos decidiram que o grande adversário e inimigoestratégico era o terrorismo. Na avaliação do professor, por isso o governoamericano deu prioridade ao combate ao terrorismo internacional.“Isso levou a derrubar ogoverno do Afeganistão dos Talibãs e depois invadir militarmente o Iraque.Esses dois acontecimentos criaram um grande fato internacional, ao arrepio daONU, e dividiu a Europa, sem no entanto, apresentar os resultados esperados”,disse.Segundo Gonçalves isso seconfirma com os dois fortes ataques terroristas que aconteceram na Inglaterra ena Espanha. “O resultado de todo esse processo, hoje, é que o poder mundialcontinua concentrado nos Estados Unidos, o que absolutamente não é uma coisaboa, e, no entanto, o terrorismo internacional não foi reprimido conforme osamericanos prometiam que seria”, analisou.Gonçalves acrescentou que omundo ficou comovido com a tragédia do 11 de setembro e concordou que algumacoisa deveria ser feita. Para ele, os Estados Unidos que até então estavamcercados por grande simpatia, transformou a invasão do Iraque em um divisor deáguas.“As alegaçõesnorte-americanas para invadir o país eram frágeis, para não dizer fraudadas.Isso traz problemas até hoje. Dois dos governantes europeus que apoiaram Bushperderam as eleições. José María Aznar, na Espanha, e Silvio Berlusconi, naItália. Não há a menor dúvida de que o apoio que deram a Bush foi determinantepara a sua derrota e Tony Blair, aliado de primeira hora, já não conta muitocom o apoio dos britânicos e não demora muito deverá deixar o posto de primeiroministro”, explicou.Naavaliação do professor os Estados Unidos fracassaram também na intenção detransformar o Iraque numa liberal democracia moderna que “seria exposta emvitrina no Oriente Médio para que servisse de exemplo para os demais estados”.