País deve privilegiar investimento em universidades públicas, afirmam entidades

11/09/2006 - 7h06

Patrícia Landim
Da Agência Brasil
Brasília - O dinheiro público investido no Programa Universidade Para Todos(ProUni) criaria mais vagas se fosse investido em ensino público,calcula o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de EnsinoSuperior (Andes). Atualmente, o programa oferece 138 mil bolsasparciais ou integrais, segundo o Ministério da Educação.A bolsaé concedida a alunos de faculdades particulares em troca de isençãofiscal para as instituições de ensino. Se o mesmo recurso tivesse sidoinvestido nas universidades públicas, teria criado 500 mil vagas, peloscálculos do Andes.“O ProUni é uma forma de subsidiar a educaçãoprivada. Para que haja realmente uma ampliação do acesso, nós temos queter uma expansão rigorosa da rede pública federal”, defende PauloRizzo, presidente do Andes. A prioridade de recursos para o sistemapúblico também é reivindica pela Associação Nacional dos Dirigentes dasInstituições Federais de Ensino Superior (Andifes).“Defendemosque a destinação de recursos públicos para ampliação da educaçãosuperior deve ser colocada prioritariamente nas instituições públicas”,afirma Paulo Speller, presidente da Andifes.De cada dez jovensque entram numa faculdade, sete vão estudar em uma instituiçãoparticular, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE). Esses 3,8 milhões de cidadãos, com idade entre 18 e24 anos, vivem um dilema, na visão de Paulo Rizzo, presidente doSindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior(Andes). “Há uma crise de demanda já que as famílias não têmcomo pagar a mensalidade. Nós propomos uma meta de expansão do setorpúblico que atinja até 2010 pelo menos 40% da oferta”, afirma.Paraaumentar a oferta de ensino público e gratuito, o Ministério daEducação vem implantando o Programa de Expansão do Sistema Federal deEducação Superior. O projeto criou 10 novas universidades, cincototalmente novas e cinco a partir de faculdades isoladas.Mesmoelogiando a iniciativa, Rizzo considera que a expansão ainda é lentaquanto à contratação de professores e pessoal técnico administrativo.“O sindicato defende o prosseguimento dessa expansão, mas comcondições. O governo deveria encaminhar ao Congresso Nacional projetosde lei de criação de novos cargos para que essa expansão possa ocorrercom qualidade”, destacou Rizzo.Gustavo Petta, da UNE, lembraque o Plano Nacional de Educação estipulava que, até 2011, 30% dosjovens tivessem acesso ao ensino superior. “Mas a gente está longe dealcançar isso porque ao mesmo tempo em que o governo aprovou o plano,foi vetada uma proposta que aumentava para 7% o investimento naeducação pública vinculado ao PIB. Hoje é investido em torno de 4%”,enfatizou o presidente da UNE.