Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pretende ampliar o alcance de suas investigações sobre a área de emprego e renda no país. Segundo Cimar Azeredo, coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do instituto, "cada vez se torna mais premente a informação sobre o desemprego, sobre o mercado de trabalho com um todo, estudar tendências e evolução, para cada unidade da federação e para os municípios maiores".
A discussão sobre indicadores de trabalho de curto prazo foi um dos destaques do 2º Encontro Nacional de Produtores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e Territoriais, promovido pelo IBGE durante toda a semana. Participaram dos debates especialistas de vários institutos de pesquisa como Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de uma representante do Ministério de Trabalho e Emprego.
Hoje, a PME cobre apenas as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Azeredo informou que desde 1981, quando a pesquisa foi implantada, a intenção era que fosse aplicada em todas as regiões metropolitanas, mas em função da falta de recursos a abrangência não foi adotada. E destacou que a pesquisa atual é representativa, já que reúne cerca de 30% da população ocupada do território nacional.
Mas ressalvou que o levantamento não tem a pretensão de dar conta de informações sobre o mercado de trabalho do país: “Isso ainda é representativo só que devido à mudança no mercado de trabalho, com a interiorização do emprego, há necessidade hoje de uma pesquisa que dê conta do mercado de trabalho a nível nacional, incluindo todas as regiões metropolitanas, unidades da federação e até mesmo de municípios maiores que não sejam capitais”.
Segundo Azeredo, a proposta para produzir novos indicadores do mercado de trabalho do país consiste em integrar as várias pesquisas que fazem parte da coordenação de área de Trabalho e Rendimento do IBGE – Pesquisa Mensal de Emprego, Pesquisa de Orçamento Familiar, Pesquisa de Economia Informal Urbana e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).
A expectativa, disse, é a de que o projeto esteja implantado em 2008, mas ainda são necessários estudos para definir, por exemplo, qual seria a abrangência geográfica e qual seria sua periodicidade. E a principal meta é unir a Pnad e Pesquisa Mensal de Emprego em um trabalho único. Até o final do ano, acrescentou, será realizado um novo seminário para dar continuidade às discussões.
Sobre as comparações entre resultados dos vários instrumentos de acompanhamento e monitoramento do mercados do trabalho no país, o técnico do IBGE afirmou que cada um tem suas especificidades e fornece resultados diferenciados em função da sua natureza. Ele citou como exemplos a PME e Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho. “Ambos são instrumentos poderosíssimos para se acompanhar o mercado de trabalho, mas são diferentes, cada um com a sua função, de maneira nenhuma podem ser comparados”, declarou.
Ele explicou que a PME é uma pesquisa urbana, domiciliar, realizada em seis regiões metropolitanas e por ter como informante o trabalhador abrange todas as formas de inserção no mercado de trabalho – emprego com carteira assinada, sem carteira, por conta própria e empregador. No caso do Caged, as informações vêm do registro de contratações e demissões de empresas de todo o país e por isso abrangem somente o emprego formal.