Itamaraty divulga na Turquia lista de brasileiros que deixam país amanhã

14/08/2006 - 13h20

Juliana Cezar Nunes
Enviada especial
Adana (Turquia) - Cerca de 260 brasileiros que fugiram dos conflitos no Líbanopartem amanhã de Adana, na Turquia, com destino ao Brasil. Funcionários doItamaraty estiveram há pouco nos hotéis onde eles estão hospedados e divulgarama lista de passageiros confirmados para o vôo da Varig, que sairá de Adana as23h desta terça, no horário local, com chegada prevista para São Paulo ainda naquarta-feira.Pelos cálculos do coordenador do núcleo de apoio aos brasileirosem Adana, ministro Laudemar Aguiar, cerca de 110 pessoas ainda ficam na Turquiaa espera de transporte para o Brasil. Dessas, cerca de70 chegam a Adana nanoite de hoje. Um avião da FAB deve completar o resgate, mas ainda não há dataprevista para o embarque.Tiveram prioridade na lista de embarque para amanhã famíliascom crianças e idosos. Entre eles, o comerciante Saed Abou, 24 anos. Filho debrasileiros, ele nasceu no Líbano e agora pretende morar com a mulher e a filhade 10 meses em São Paulo. Juntos, eles comemoraram a confirmação do embarque novôo da Varig.“Todos os anos eu visitava o Brasil. Agora, quero ficar ládefinitivamente para viver com mais tranqüilidade”, conta Abou, que morava noVale do Bekaa, uma das regiões mais atingidas pelo conflito entre israelenses elibaneses.A maior parte dos brasileiros que já está na Turquia recebeucom pessimismo as informações sobre o cessar-fogo. Até o momento, apenas um dospassageiros confirmados para o vôo de amanhã manifestou interesse de desistirda viagem. Bahjat Mohamed Hadar, 60, quer a ajuda do governo brasileiro pararetornar ao Líbano. O Itamaraty ainda não garantiu nenhuma operação nessesentido.“Soube que a guerra acabou. Quero voltar. No Brasil, não tenho mais nada. Minhavida está no Líbano”, disse o comerciante de origem libanesa, que desde 1995vive no Vale do Bekaa. “Destruíram tudo lá. Mas quero voltar para ajudar areconstruir tudo.”O marido da brasileira Mariem Orra, 28 anos, também pensa em desistir da viagemao Brasil. Ele é libanês e está preocupado com a situação dos pais e irmãos queficaram no Líbano, também na região do Bekaa. “Meu marido também tem medo de não conseguir emprego no Brasil. Mas quero muitoque ele vá comigo. Depois de tudo que passamos, preciso reencontrar a minha mãe”.