Delegado diz que trabalho infantil em assentamento é apenas ponta do iceberg

14/08/2006 - 0h12

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O delegado regional doTrabalho no Paraná, Geraldo Serathiuk, considerou o trabalho infantilencontrado em carvoarias de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores RuraisSem Terras (MST), em Bituruna, “apenas a ponta do iceberg”.“Entre o ano passado e este,o setor da madeira fechou 4.930 empregos e, com isto, a região sul do estadopassou a apresentar um aumento de criminalidade e problemas sociais muitograves”.A Delegacia Regional doTrabalho tem encontrado trabalho infantil em várias regiões do Paraná, além detrabalho escravo no setor madeireiro, segundo Serathiuk. Para ele o desesperopela sobrevivência é o que leva as crianças ao trabalho infantil e adultos aotrabalho escravo.Serathiuk aponta como causapara toda essa situação, o modelo de desenvolvimento implantado no Paraná.Segundo ele, para desenvolver algumas atividades de exportação de grande escalacomo soja, açúcar, frango e madeira para celulose, a agricultura familiar ficousem crédito, houve concentração da terra e migração de milhares de pessoas paraas periferias, deixando regiões do estado com Índice de Desenvolvimento Humanoabaixo do de regiões pobres do país.Mesmo com a geração de 330mil empregos nos últimos três anos – afirma o delegado - a retomada do apoio àagricultura familiar, a ampliação dos programas de transferência de renda,políticas de crédito e fiscais para os pequenos e médios empresários e oinvestimento na educação pública, “o Paraná vai conviver com as conseqüênciasda implantação de um sistema de produção concentrador e excludente por algumtempo”.