Brasil tem 33 milhões de analfabetos funcionais, diz IBGE

14/08/2006 - 15h53

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil tem 33 milhões de analfabetos funcionais (cerca de 18% dapopulação), ou seja, pessoas com menos de quatro anos de estudo, e 16milhões de pessoas com mais de 15 anos que ainda não foramalfabetizadas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE).

 Arealidade dos países que compõem a Comunidade de Países de LínguaPortuguesa (CPLP) guarda muitas semelhanças com o Brasil. Segundoinformações da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciênciae Cultura (Unesco), em Moçambique, por exemplo, o índice deanalfabetismo atinge 56,2% da população, que. mesmo tendo o portuguêscomo idioma oficial, convive com mais de 25 línguas nacionais e 33dialetos.

O arquipélago deCabo Verde, no Oceano Atlântico, também fala dois idiomas: o portuguêse o dialeto crioulo. A taxa de analfabetismo no país atinge 25%, mas,segundo o diretor-geral de alfabetização e educação de adultos do país,Florêncio Varela, o país já atingiu o Objetivo do Milênio número 2, queé garantir educação básica de qualidade para todos.

 “Nósestamos a trabalhar a qualidade da educação. Porque nós, do ponto devista dos Objetivos do Milênio, já atingimos, e então o nosso grandedesafio é a melhoria da qualidade”, afirmou.

 EmSão Tomé e Príncipe, duas ilhas do Golfo da Guiné, a taxa deanalfabetismo atinge 20% da população. A diretora do Instituto daJuventude do país, Maria de Lourdes de Carvalho Rodrigues, enfatizou que ogrande desafio do país é enfrentar a pobreza e o analfabetismo dapopulação.

“Nós temosdesenvolvidos atividades com jovens que estão fora do sistema escolar.Então, esses jovens, alguns, não terminaram a quarta série, algunsterminaram, mas estão numa situação de analfabetismo absoluto, porque jáesqueceram o que estudaram. Entretanto, temos um problema sériocom a pobreza, e temos que tentar superar essas duas situações”, disse Maria de Lourdes.

 A Guiné-Bissaupassa por uma fase de reestruturação política após a guerra civil.Dados do Ministério da Educação do país mostram que, em algumas regiõesdo país, o analfabetismo chega a atingir 91% da população, apesar de, nacapital, o índice ser de 48%. Angola também vive uma fase dereestruturação, após 41 anos de guerra civil. No país, 58,3% dapopulação não sabe ler, nem escrever.

Apequena ilha de Timor-Leste, no noroeste da Austrália, também fala oportuguês. Segundo a Unesco, dos 800 mil habitantes, mais de 40% sãoanalfabetos. Todos esses países estão reunidos durante esta semana emBrasília para compartilhar experiências na área de educação e tentaremsuperar, juntos, as mazelas que os atingem.