PF prende dois servidores de alto escalão no Amazonas

11/08/2006 - 13h47

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O superintendente da Companhia Nacionalde Abastecimento no Amazonas (Conab), Juscelino Moura, e osecretário-executivo da Secretaria Estadual da Fazenda, Afonso Lobo,são os dois servidores públicos de alto escalão detidos hoje (11) emManaus pela Operação Saúva - uma ação conjunta da Polícia Federal, daReceita Federal e do Ministério Público Federal.De acordo com o chefe da Delegacia dePrevenção e Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal,Jossenildo Cavalcate, 29 dos 32 mandados de prisão preventiva já foramcumpridos. A maior parte dos presos são empresários do ramo defornecimento e distribuição de gêneros alimentícios.Em um ano de investigação, a quadrilhateria fraudado licitações que movimentaram R$ 126 milhões dos cofrespúblicos da Conab, do governo do Amazonas, do Exército Brasileiro, edas prefeituras de Manaus e de Presidente Figueiredo (AM).“Na compra de 230 mil cestas básicaspela Conab, que foram distribuídas aos flagelados da seca [que atingiuo Amazonas no ano passado], houve direcionamento da concorrênciapública”, revelou Cavalcante. “Além disso, identificamos o fornecimentode alimentos estragados, impróprios para o consumo, como feijão e leiteem pó”O superintendente da Polícia Federal noAmazonas, Kérsio Pinto, declarou que a quadrilha agia apenas noAmazonas. Mas parte dos 32 mandados de prisão e dos 64 mandados debusca e apreensão foi executada no Distrito Federal, no Rio Grande doNorte, em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Ceará, e em Rondônia. “Essaspessoas estão vindo para cá”, acrescentou Pinto. “Vamos investigar aquitodos os indiciados durante os cinco dias da prisão preventiva. Senecessário, pediremos à Justiça a prorrogação da detenção”.A operação Saúva recebeu esse nome emalusão à organização das formigas, que seguem um líder. “Se matarmos aformiga rainha, o bando se desfaz”, explicou Cavalcante. “Já estamoscom o líder do esquema detido: o empresário Cristiano da SilvaCordeiro”.Cordeiro e sua família são acusados decriar cerca de 20 empresas fantasmas para fraudar licitações. Entreelas, a Gold Distribuidora de Alimentos, a Norte Distribuidora, aGlobal Logística e a Big Norte. Além de superfaturar os preços, aquadrilha pagava propina a servidores públicos.“Registramos casos em que osfuncionários públicos roubaram alimentos dos depósitos e entregaram aosempresários, que os revenderam aos governos”, afirmou Cavalcante.De acordo com Cavalcante, a OperaçãoSaúva é um desdobramento da Operação Mercúrio, realizada pela PF e pelaPRF em junho do ano passado. Os crimes pelos quais os detidos devemser indiciados são: formação de quadrilha; inserção de dados falsos emsistemas de informações; peculato; corrupção passiva e ativa; advocaciaadministrativa; violação de sigilo funcional; tráfico de influência;fraudes em licitações; lavagem de dinheiro; sonegação fiscal e crimescontra as relações de consumo; e improbidade administrativa.