Expedição integrada por jovens de oito países chega a Manaus

15/07/2006 - 18h22

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Comparando a Amazônia peruana com a brasileira a gente vê que a peruana está mais conservada, e a brasileira, mais desmatada”. Essa é uma das várias conclusões a que chegou a estudante brasileira Amanda Martimom Morgado, de 16 anos, participante da expedição Caminhos de Orellana, realizada pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Depois de 22 dias de expedição, o grupo de estudantes chegou hoje (15) ao Porto do Comando Militar da Amazônia, em Manaus. Amanda, 16 anos, estudante de uma escola pública de Brasília, e outros quatro jovens do Rio de Janeiro, Acre, Tocantins e Ceará, com idade entre 15 e 18 anos, foram escolhidos depois de vencer um concurso de redação sobre a Amazônia, realizado pelo Ministério da Educação. Outros 40 jovens da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países que junto com o Brasil integram a Amazônia, além da Guiana Francesa, foram selecionados pelo mesmo processo. Desde 23 de junho, Amanda e os outros estudantes refazem parte do caminho feito pelo espanhol Francisco de Orellana entre 1541 e 1542, acompanhados por 25 professores e cientistas. Orellana foi o primeiro viajante espanhol a percorrer o Rio Amazonas. Os expedicionários farão um percurso de 6 mil quilômetros durante 34 dias e viajarão por Equador, Peru, Colômbia e Brasil. Para a estudante brasileira, a experiência de conhecer a maior floresta tropical do mundo é incomparável: “É algo que vai ficar para sempre na memória. Sala de aula nenhuma passa esse conhecimento como esse contato que a gente teve”. O coordenador-geral da expedição, Aldenir Paraguaçu, lembra que ao fazer uma enquete com os jovens sobre quais lugares eles gostariam de conhecer caso saíssem de seus países, constatou que nenhum deles escolheria a Amazônia. Agora, segundo Paraguaçu, eles têm outra opinião. “Esse contato com a Amazônia é impactante para todos eles, que não tinham a menor noção do que era a região e começaram a se dar conta da dimensão e da exuberância que tem a Amazônia”. Amanda Martimon diz que a expedição não só despertou o interesse pela região, mas também aumentou o senso crítico dos jovens. “Todos aqui vão sair com um olhar mais crítico quanto a Amazônia, mas envolvidos com esse tema. Eles vão sair líderes, interessados em investir e se preocupar com o futuro da Amazônia.” Amanhã (16), os jovens participam do Encontro das Águas, entre os rios Negro e Solimões. Organizado pela Igreja Ortodoxa Grega, o evento também terá a participação de representantes das Nações Unidas, de comunidades indígenas e da Igreja Católica.