Trabalho infantil é aceito como algo bom para a criança e o país, diz pesquisador da OIT

22/06/2006 - 20h25

Monique Maia
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O coordenador de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Renato Mendes, acredita que o trabalho infantil é encarado de forma natural em famílias que têm crianças e jovens envolvidos nessa situação, e não está relacionado somente à pobreza. "É culturalmente aceito que o trabalho infantil é bom para a criança e para o país", disse, em alusão ao relatório divulgado hoje (22) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre o trabalho de pessoas de 5 a 18 anos em lavouras de abacaxi na Paraíba.

Em 42% das famílias avaliadas, a renda familiar é de um a dois salários mínimos. Mas, além da falta de dinheiro, o estudo constatou que a falta de políticas sociais e a falta de estrutura nas escolas incentivam as crianças a trabalhar. Por isso, o coordenador avalia que retirar a criança do mercado de trabalho, embora fundamental, não é suficiente. "É preciso ocupar o tempo dela de forma educativa e pedagógica".

Plantar, capinar e adubar foram as três atividades mais desempenhadas por esses jovens. Trabalhando de 9 a 12 horas por dia, eles ficavam expostos ao sol forte, chuva, poeira e produtos químicos que podem ter efeitos cancerígenos.

A pesquisa constatou também um índice de repetência escolar de 65,1%. Os "trabalhadores" contaram que se sentiam cansados e com dores no corpo. Por isso, não freqüentavam as aulas como deveriam.