Alta dos investimentos no país leva Ipea a elevar projeção de crescimento do PIB para 2006

07/06/2006 - 17h23

Rio, 7/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - A alta dos investimentos na economia do país, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no primeiro trimestre deste ano, levou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a elevar de 3,4% para 3,8% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma das riquezas e serviços produzidos no país) em 2006.

Os números fazem parte do Boletim Trimestral de Conjuntura, divulgado hoje (7) pelo Ipea. A projeção para os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) subiu para 7,8% em relação à última estimativa, que era de 5,8%.

Segundo o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, Fábio Giambiagi, a economia voltou a crescer mais intensamente do que no ano passado e o padrão pode se repetir no ano que vem. A primeira estimativa do Ipea para o crescimento do PIB em 2007 é de 3,8%.

Para Giambiagi, o cenário atual é muito parecido com o do final do ano passado, marcado pelo incremento no consumo das famílias e nas exportações, que, embora estejam em desaceleração, continuam crescendo. O que surpreendeu, no entanto, foi a magnitude da alta nos investimentos no primeiro trimestre de 2006, disse ele.

Entre os fatores que contribuiram para o crescimento dos investimentos e também do PIB nos últimos dois trimestres, Giambiagi citou a queda na taxa de juros, a superação da crise política no ano passado e o ano eleitoral, que normalmente é caracterizado por mais investimentos e obras do governo em infra-estrutura.

Do ponto de vista da oferta, a estimativa do instituto para dois dos três setores produtivos que integram o PIB também melhorou. A previsão de desempenho da indústria passou de 4,8% para 5,3% e a do setor de serviços foi de 2,7%, contra os 2,5% estimados anteriormente pelo Ipea. A agropecuária, que se recupera de um período de crise, teve crescimento modesto: foi o único setor produtivo em que houve redução nas projeções para o crescimento, que passaram de 3,3% para 2,5%.

Aumentou também a previsão para as exportações (4,5 para 5,3%). Giambiagi afirmou que as exportações tem tido crescimento contínuo, não em quantidade, mas na melhora de preços. Para ele, houve saceleração no ritmo do crescimento, "mas o superávit ainda é confortável".

A estimativa para as importações teve ligeira redução: de 14,8% para 14,7%. Para Giambiagi, o país está se aproximando de uma situação de equilíbrio na balança comercial, que é o normal nas economias. Ele ressaltou que o superávit é uma certa "anomalia", ainda que, no caso do Brasil, seja bem-vinda para corrigir o endividamento excessivo dos anos 90. Em condições normais, disse ele, é natural esperar um pequeno déficit, e essa é a situação que pode se apresentar no futuro. "A partir de 2007, certamente, não haverá o que corrigir, pois estaremos com indicadores estáveis".

A projeção do Ipea para o saldo da balança comercial em 2006 recuou dos R$ 41,8 bilhões estimados em março para R$ 40,4 bilhões no boletim de hoje. Para 2007, a previsão para o resultado da balança comercial é ainda menor: R$ 36,3 bilhões.