Professor da USP avalia que TVs educativas precisam de qualidade e investimento

05/06/2006 - 14h47

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A TV educativa é a "gata borralheira da mídia nacional", considera o professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), Samuel Pfromm Netto. Sobre as produções televisivas educativas, ele chama atenção para a necessidade de qualidade e investimento para ensino a distância. A avaliação foi feita em audiência no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional que discute as principais diferenças entre a televisão educativa e comercial.

Netto defendeu que essa TV deve estar essencialmente ligada à educação. "A missão da televisão educativa é ensinar, abrindo, assim, para o nosso povo as comportas da inteligência, da sensibilidade, da cultura, da cidadania responsável, pondo um meio eletrônico portentoso a serviço do engrandecimento do espírito e da iluminação das pessoas", afirmou.

O professor apontou alguns problemas na TV educativa no Brasil, como: objetivos claros, liderança, imaginação, criatividade, empenho, audácia, comprometimento com a educação, além de sensibilidade e apoio efetivo dos setores governamentais e privados. Para Netto, a TV comercial é uma "máquina de vender" que interrompe os comerciais para colocar alguma programação e tem como objetivo ser vibrante, excitante e barulhenta. Enquanto isso, em sua opinião, a TV educativa, é o oposto. "Sua missão é exatamente a mesma da escola: educar."

Samuel Pfromm Netto destacou também que a programação educativa deve ter qualidade. "A TV educativa exige muito mais talento para os que os programas sejam bonitos e gostosos de se ver", observou. Sobre as produções televisivas educativas, ele voltou chamar atenção para qualidade e disse que não há ensino a distância de baixo custo. "Cometemos reiteradamente o erro de pensar que, em ensino a distância, basta meia dúzia de pessoas inexperientes e mal remuneradas para fazer ensino a distância de boa qualidade. Pior ainda: há quem acredite que uma só pessoa pode fazer tudo."

O professor lamentou ainda que a TV educativa tenha expandido no mundo inteiro, ao contrário do Brasil. A televisão educativa brasileira tem 45 anos. Segundo o professor, começou com programas educativos pioneiros transmitidos em São Paulo e no Rio de Janeiro por emissoras comerciais, em 1961. Ganhou impulso com a reserva de 143 canais de VHF exclusivamente para TVs educativas, definida em 1965 pelo Conselho Nacional de Telecomunicações. E também pela criação das primeiras TVs exclusivamente educativas: em São Paulo, por lei estadual de 1967, e no Recife, inaugurada em 1968.