Cortadores de cana de Goiás entram em greve

02/06/2006 - 12h48

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Trabalhadores rurais dos municípios de Rubiabata, Carmo do Rio Verde e Itapaci, em Goiás, pararam suas atividades essa semana para reivindicar melhores condições de trabalho. Só em Rubiabata há cerca de 750 trabalhadores parados. Segundo o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores, Guilherme Marciel, que apóia os bóias-frias que trabalham no corte de cana-de-açucar, eles pedem a devolução das carteiras de trabalho que estão retidas pelos donos de usinas de cana e também aumento no preço pago pelo corte. Desde 1995 eles recebem R$ 0,10 por metro de cana cortado, sem reajuste.

"Só para se ter uma idéia, o último reajuste do salário mínimo foi de 17% , e o que os trabalhadores reivindicam é 30% do valor que é pago hoje. Esse valor hoje deveria ser de R$ 0,13 por metro de cana.", afirmou Marciel. Ele disse ainda que os bóias-frias chegam a trabalhar cerca de oito horas e meia por dia para ganhar, no máximo R$ 40. Com o aumento, ganhariam R$ 52 por dia. Já os que não têm condições físicas adequadas conseguem trabalhar o suficiente para ganhar, atualmente, no máximo R$ 15.

Marciel disse que os bóias-frias acabam se machucando durante o corte da cana e não recebem nenhuma indenização por isso. "Arrebentam os nervos, tem pessoas que arrebentam os músculos. Eles se arrebentam de fazer esforço para cortar a cana", disse.

Além disso, os trabalhadores também arcam com os custos do transporte para ir à lavoura, em transporte mantido pelos usineiros. "Eles têm condução que os leva da cidade para a lavoura, mas são os trabalhadores que pagam essa condução e isso é descontado no preço pago pela cana cortada no dia. Eles são obrigados a andar no transporte contratado pelo usineiro e não podem andar em outro", diz.

Os trabalhadores, segundo Marciel, só voltarão ao trabalho quando suas reivindicações forem atendidas.