Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) reforçou hoje (20) a orientação para que os agricultores gaúchos suspendam os bloqueios de estradas, promovidos durante toda a semana no interior do estado como parte da programação do Grito da Terra 2006.

Segundo o presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro, foram enviados ofícios aos sindicatos de trabalhadores rurais das regiões onde há manifestações nas rodovias, atendendo notificação do Ministério Público Estadual.

Ontem (19), o Ministério Publico ajuizou ações em Giruá, São Luis Gonzaga e Ijuí pedindo o fim dos bloqueios em rodovias gaúchas. Uma assembléia da Fetag em Ijuí, na região norte, com os comitês de dez barreiras de estradas decidiu pela continuação dos protestos.

"Vamos prosseguir com as manifestações em Ijuí, Entre-Ijuís, Giruá e Tapes ao longo do fim de semana", disse Pinheiro. Segundo ele, na terça-feira (23) recomeçam todas as demais, isto é, em Três de Maio, Vacaria, Carazinho, Soledade, Erechim e Pantano Grande.

Pinheiro destacou que, seguindo a determinação do Ministério Público, as barreiras não permanecem fechadas por longos períodos. "Ambulâncias e caminhões com produtos perecíveis também estão com passagem liberada".

O dirigente considerou "insuficientes" as medidas anunciadas pelo governo federal até agora, mas avaliou como "muito importantes" todas as mobilizações realizadas. Segundo ele, se os agricultores forem impedidos de permanecer nas estradas poderão ir para as agências bancárias.

Pinheiro se disse preocupado com a possibilidade de não saírem medidas mais fortes para a agricultura familiar, como a "prorrogação dos financiamentos por seis anos, com dois anos de carência, rebate de 50% e juros de 1% ao ano".

Ele explicou que no final do mês as dívidas dos agricultores começarão a ser executadas e, caso não haja renegociação, ninguém vai poder pegar dinheiro para o próximo plantio. "As informações que temos é de que sairá anúncio de novas medidas entre terça e quarta-feira", disse Pinheiro.

Ontem (19) os agricultores gaúchos realizaram uma manifestação diferente em Carazinho, no norte do estado. Eles fizeram um tratoraço até o Banco do Brasil, onde entregaram um documento com reivindicações ao gerente. O grupo entrou na agência com quatro porcos, três galinhas e um galo, sacas de soja e de milho, "para fazer um pagamento simbólico das dívidas".

Os coordenadores do movimento afirmaram que a produção de alimentos "é questão de segurança e, se medidas imediatas não forem tomadas, o desabastecimento e a convulsão social são os próximos passos".

O comando rodoviário da Polícia Militar informou que os produtores estão mantendo hoje, as manifestações "mas não interromperam o tráfego nas estradas estaduais". Em algumas rodovias federais do norte do estado, no entanto, houve bloqueio com alternação de pistas pela manhã.