Alisson Machado
Da Nacional da Amazônia
Boa Vista – O líder Macuxi Jacir José de Souza, coordenador de projetos da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, defende que o processo de retirada de não-índios da área termine o mais rápido possível. O prazo para que os proprietários de terras deixassem a área (desintrusão) terminou no sábado (15), quando completou um ano da homologação da reserva indígena.
Durante esse período, cerca de 300 famílias de não-índios deveriam ter sido retiradas, indenizadas e reassentadas fora da reserva, o que não aconteceu. "Os indígenas querem a desintrusão o mais rápido possível porque já era para ter terminado no dia 15 de abril", disse o macuxi.
O governo federal encontrou dificuldades para cadastrar as famílias que ocupam a área. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) já concluíram os trabalhos de medição das propriedades e cadastramento das famílias em 97% da área. Faltam apenas 3%.
Os mais resistentes, os arrozeiros, lutam como podem para proteger seu patrimônio dos efeitos da homologação. "Estamos dando um prazo para que o governo federal desocupe a área, mas é um voto de confiança. O governo fala em três meses, mas não aceitamos tanto tempo", afirmou Jacir José de Souza.
Segundo o coordenador executivo do Comitê Gestor de Acompanhamento e Articulação das Ações Federais em Roraima (ligado à Casa Civil), José Nagib da Silva Lima, o governo está intensificando o trabalho de retirada das cerca de 300 famílias de não índios que ocupam a reserva. A estimativa é gastar R$ 10 milhões com as indenizações.
Hoje, num escritório montado em Boa Vista, o Incra e a Funai começaram a informar às primeiras 160 famílias o valor da indenização a que terão direito para deixar a Raposa Serra do Sol, assim como a área em que serão reassentadas. Elas foram convocadas por edital público e tomarão conhecimento do laudo fundiário feito pelo Incra em conjunto com a Funai.
Colaborou Juliana Andrade.