Escrivão da polícia diz à CPI que viu Paulo Okamotto no Sebrae após ouvir que ele estaria viajando

30/03/2006 - 16h01

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, teria dito que estava viajando para não receber a convocação de comparecimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, segundo o escrivão da Polícia Federal, José Braulio Rodrigues.

Em documento encaminhado à CPI, o escrivão disse que nessa quarta-feira (29) foi entregar a convocação de Okamotto para acareação com o ex-militante petista Paulo de Tarso Vanceslau na sede do Sebrae, em Brasília. Depois de ter sido impedido inicialmente de entrar no prédio, Rodrigues foi autorizado a ir ao gabinete do presidente do Sebrae. Chegando lá, foi informado de que Okamotto encontrava-se em viagem a serviço e por isso deixou o documento de convocação com a secretária de Okamotto. No entanto, o escrivão teve de voltar ao gabinete para corrigir um erro material no documento e, nesse momento, teria visto o presidente do Sebrae.

"Chegando ao gabinete, surpreendi-me com a passagem, no ambiente em que me encontrava, do sr. Paulo Okamotto, que se dirigia ao seu gabinete pessoal. Esclareço que reconheci o Sr. Paulo Okamotto por ocasião de seu depoimento prestado à CPI anteriormente", destacou o escrivão.

Rodrigues disse que não intimou pessoalmente Okamotto "por entender que a presença deste senhor era estranha em virtude da declaração, por escrito, de sua secretária, de que o sr. Paulo Okamotto estaria viajando".

A narração do escrivão causou indignação entre os senadores da CPI. "É estranho ter que se esconder para não ser citado", disse o presidente da comissão, Efraim Moraes (PFL-PB). Para ele, é um "desrespeito" à CPI, à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal. Efraim espera que a acareação de Okamotto ocorra na próxima terça-feira.

Já o relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse que Okamotto se comportou de forma a "desacreditar e desmoralizar" a comissão. "Ele fugiu agora ou se esquivou, mas na próxima semana terá que ser ouvido de qualquer maneira", afirmou Garibaldi.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que é preciso confirmar a informação com o presidente do Sebrae. "Confirmada, é lamentável. Não podemos concordar com esse tipo de comportamento". Ideli lembrou, no entanto, que é contrária à convocação de Okamotto. "São assuntos que vêm para essa CPI única e exclusivamente para fazer o embate eleitoral", afirmou. O senador Tião Vianna (PT-AC) classificou o episódio com um "ato reprovável".

O senador Efraim Morais disse que vai enviar um documento relatando o ocorrido à Polícia Federal, ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.