Vigilância de ambientalistas se estende a reunião informal da OMC no Rio

28/03/2006 - 18h38

Mylena Fiori
Enviada especial

Curitiba - A preocupação de agricultores, ambientalistas e movimentos sociais não se restringe ao rumo das discussões entre os ministros presentes à 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8). A viglância se estende às negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), já que a partir de sexta-feira (31) haverá reunião informal sobre a Rodada de Doha, no Rio de Janeiro, entre Brasil, Estados Unidos e União Européia, com a presença confirmada do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.

"As transnacionais jogam nos dois campeonatos. Quando perdem um acordo na Conferência da Biodiversidade ou no Protocolo de Cartagena, correm para a OMC, onde têm hegemonia. Elas usam a Organização, que não tem representantes do povo, para criar regras que os países ricos e as multinacionais querem impor aos países periféricos", denunciou João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ao comparar a COP8 com a OMC, Stedile usou metáfora da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que em discurso aos agricultores havia comparado países ricos a leões e países pobres a cordeiros: "Aqui estão reunidos os leões e os cordeiros, e procuram um meio de convivência. Lá na OMC são só os leões – eles vão decidir como comer os cordeiros".

Adriano Campolina, da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip) – que congrega centenas de organizações não-governamentais e movimentos sociais – fez um apelo público contra a OMC. Na presença da ministra, afirmou: "O que está acontecendo na OMC hoje não é apenas uma disputa entre países pobres e ricos, é uma disputa entre modelos de desenvolvimento. O que acontece na OMC é, mais uma vez, uma disputa entre o agronegócio e a agricultura camponesa e os trabalhores brasileiros." E complementou: "O nosso pedido, ministra, é muito simples. É hora de dar um basta, de tirar a OMC dos trilhos definitivamente. O governo brasileiro tem um papel muito importante, pois está no centro das negocociações".