Para instituto, eucalipto não é melhor opção para reflorestamento

18/03/2006 - 19h04

Juliana Andrade e Bianca Paiva
Da Agência Brasil

Brasília – Um dos principais centros de pesquisa independente do país não vê com bons olhos a utilização de eucaliptos em projetos de reflorestamento e produção de carvão, como vem sendo proposto por cientistas, gestores públicos e empresas.

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) considera "temerária" a utilização de apenas uma espécie para reflorestar grandes áreas. Em protesto contra o que chamam de "deserto verde", na semana passada, agricultoras destruíram cinco milhões de mudas de eucalipto da empresa Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul.

"Acho que teremos de pensar numa cesta de espécies nativas - e há várias espécies candidatas a reflorestamento - com melhores condições de adaptação ecológica àquela região", sugere Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon. "Qualquer projeto precisa ser mais bem discutido para que a gente não tenha uma monocultura de eucalipto numa área ecologicamente sensível."

Para Veríssimo, outras espécies como o paricá também poderiam ser utilizadas para o reflorestamento de áreas degradadas, com aproveitamento para a produção de carvão. No entendimento dele, o uso de espécies nativas para o reflorestamento na região trará mais vantagens que a utilização do eucalipto.

"Se você fizer essa recomposição com espécies nativas terá não só o destino final da produção de carvão, mas, durante o processo em que as árvores estão em pé, elas vão prestando serviços ambientais àquela região, à fauna e à recuperação do ciclo hidrológico."

Fundado em 1990 e sediado em Belém, o Imazon é uma instituição de pesquisa sem fins lucrativos, criada para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio de estudos, disseminação de informações e formação profissional.