Governo brasileiro quer melhorar avaliação de sua dívida externa, diz Levy

23/02/2006 - 20h10

Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, afirmou que a comitiva brasileira que visitou ontem (22) os Estados Unidos teve uma boa interlocução com as agências de classificação de risco (rating) estrangeiras. De acordo com Levy, os brasileiros mostraram as medidas tomadas para tornar a economia nacional mais atrativa para investidores estrangeiros.

O objetivo do governo brasileiro é convencer essas agências de avaliação de risco a melhorar a classificação de risco do país e alcançar o patamar de investiment grade (grau de investimento), o mais alto nas tabelas de classificação. Segundo Levy, a última análise da economia brasileira, feita pelas agências aconteceu há mais três meses.

"Aconteceu muita coisa desde a última vez que as agências se debruçaram sobre o Brasil, em outubro e novembro do ano passado. O que mais tivemos oportunidade de fazer foi de explicar o impacto dessas medidas, porque fizemos isso e como isso entra na nossa estratégia. E a receptividade foi muito boa", afirmou Levy, durante coletiva à imprensa, hoje (23), no Rio de Janeiro.

De acordo com Levy, um dos pontos de êxito do governo brasileiro, que está sendo mostrado às agências, é o saneamento da dívida externa do Brasil. "A questão da dívida externa deixou de ser um problema, depois de mais de 20 anos. Hoje o quadro mudou completamente. As pessoas ainda não se deram conta, mas quando isso acontecer terá um impacto enorme na vontade de investir no Brasil, tanto por brasileiros quanto por estrangeiros", disse o secretário. "Os anos 80 finalmente acabaram e a gente pode olhar para frente."

O Tesouro Nacional anunciou hoje (23) que vai recomprar, antecipadamente, US$ 6,64 bilhões de títulos da dívida externa brasileira. Serão resgatados os títulos de tipo Brady – batizados assim por terem sido emitidos como parte de um plano de Nicholas Brady, secretário de Tesouro dos Estados Unidos em 1989. O chamado Plano Brady era uma forma do governo dos Estados Unidos apoiar a renovação de títulos dos governos latino-americanos que haviam feito uma moratória de sua dívida externa – entre eles, Brasil e México. O programa do governo brasileiro é, agora, recomprar os Bradies até o próximo dia 15 de abril.

Levy explica, no entanto, que não há uma previsão de quando o país terá uma melhoria na sua classificação de rating. Segundo ele, o Brasil já tem indicadores econômicos próximos ao nível de países como o México, que é investiment grade desde 2000.