Situação não mudou desde a morte da missionária, diz coordenadora

12/02/2006 - 7h40

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - "Não mudou muita coisa. A área foi retomada por grileiros e o povo vive aterrorizado, ameaçado e em condições precárias". Esta é a situação atual, após um ano da morte da missionária norte-americana Dorothy Stang na região de Anapu (PA), de acordo com a coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Alcidema Coelho.

Em entrevista à Agência Brasil, ela contou que apesar do caso ter tido repercussão no país e no exterior não diminuíram os conflitos entre trabalhadores, grileiros e fazendeiros. "As áreas de Anapu, onde Dorothy atuava, inclusive a área onde foi assassinada, foi retomada por grileiros. Após a morte de Dorothy, outras lideranças também foram assassinadas." Para Alcidema, a situação continua piorando. " Não está melhorando, a violência continua acirrada. É um verdadeiro barril de pólvora."

Segundo a coordenadora, os trabalhadores são ameaçados de serem expulsos da terra por pistoleiros contratados por grileiros. "Eles ameaçam para que os trabalhadores saiam da área que está sob litígio da Justiça, que é extremamente afastada dos centros urbanos." Por causa da distância, os trabalhadores vivem "com medo de perder suas terras, os barracos e de morrer. Como a principal liderança [Dorothy] foi assassinada, se sentem desprotegidos", explica Alcidema.

Em relação à reforma agrária, ela disse que a situação também não avançou. "Reforma agrária aqui ainda é um sonho. Não tem reforma agrária". Segundo ela, a paralisação é a causa das mortes. "É por isso que o número de pessoas ameaçadas de morte e marcadas para morrer só aumenta. Não existe outra resposta para a impunidade, a injustiça e para a violência no campo além da ausência da reforma agrária."