Presença de governos no Fórum Social Mundial gera debate em São Paulo

10/02/2006 - 12h14

Beatriz Pasqualino
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Representantes de entidades e movimentos sociais brasileiros que participaram da edição latino-americana do 6º Fórum Social Mundial (FSM) estão reunidos hoje (10) em São Paulo para fazer um balanço das atividades durante o evento, que ocorreu no fim de janeiro em Caracas, capital da Venezuela.

Para Francisco Whitaker, integrante do Comitê Organizador do FSM e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, a realização do fórum foi um avanço porque consolidou o evento como um "espaço de troca de experiências e de novas articulações". No entanto, ele criticou a presença "excessiva" do governo do Brasil e da Venezuela por meio de ministros dos dois países e do presidente Hugo Chávez.

"Isso centraliza as atenções das pessoas para essas atividades governamentais, contrariamente à perspectiva do FSM. O fórum é a sociedade civil horizontal, ela se assume como sujeito e não tendo mandado de líderes. É uma mudança de perspectiva política muito grande", afirma Whitaker.

Por outro lado, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) discordam dessa opinião. Gustavo Codas, assessor de Relações Internacionais da CUT, diz ser "normal e necessário" que o FSM propicie o diálogo entre governo e movimentos sociais. "Mas é importante que as organizações sociais tenham um espaço de sua autonomia no Fórum", pondera.

Segundo Geraldo Fontes, do Setor de Relações Internacionais do MST, a grande participação de governos no FSM é positiva e faz parte do espaço democrático que é o evento.

"Desde o primeiro fórum houve presença de governos, inclusive na questão do financiamento. Não vejo porque dizer que em Caracas isso foi maior. Aliás, é um avanço que a questão do poder tenha entrado na pauta do fórum, o que não acontecia antes", diz. Fontes ressalta que o FSM de Caracas foi importante porque discutiu em profundidade a realidade latino-americana.

O 6º Fórum Social Mundial de Caracas reuniu cerca de 80 mil militantes sociais de todo mundo em mais de 1.800 atividades e 200 eventos culturais.