Patrícia Landim
Da Agência Brasil

Brasília – O depoimento do motorista Éder Eustáquio Macedo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, marcado por silêncio em muitos momentos, despertou suspeitas, afirmam presidente e o relator da CPI. Um dos motivos apontados é o relato de Macedo de que dois advogados ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) o acompanharam desde ontem (18), quando ele chegou a Brasília: Hélio Silveira, advogado da ex-prefeita Marta Suplicy, e Stela Cristina Nakasato, que presta serviço ao PT de São José dos Campos e São Paulo.

"Ficou claro de que houve uma armação por aqueles que estão com medo da verdade", declarou o senador Efraim Moraes (PFL-PB), presidente da CPI. A conclusão do senador se baseou na afirmação de que Éder só teria conhecido a sua advogada na véspera do depoimento.

Éder Eustáquio Macedo foi convocado para depor na CPI dos Bingos por ter dirigido, do Aeroporto de Congonhas até o de Amarias, o carro em cujo porta-malas os ex-assessores do ministro da Fazenda Antonio Palocci, quando este foi prefeito de Ribeirão Preto (SP), Ralf Barquete e Vladimir Poleto, teriam guardado três caixas de bebida com dólares oriundos de Cuba. O motorista afirmou no depoimento que não desceu do carro em nenhum momento e muito menos ajudou a carregar as caixas de bebida. "Eu disse e repito, eu não vi nada", afirmou.

O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), relator da comissão parlamentar, opinou que o depoente está protegendo aqueles que protagonizaram o episódio do transporte do dinheiro: "Eu não entendo essa preocupação de negar tudo. Houve uma versão de que não era dinheiro e sim, bebida. E agora há uma versão dada por ele que não viu nada e não sabe de nada, o que é lamentável".

Durante a sessão, dois assessores do Ministério da Fazenda acompanharam a CPI, mas não se pronunciaram. Efraim Moraes disse que se não conseguir contatar até amanhã (20) o ministro da Fazenda, será votado na próxima semana requerimento para sua convocação.